As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Não à toa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instaurou como meta a redução de novas infecções em até 90% dos casos até 2030.

O combate à doença, no entanto, requer conscientização e educação em saúde, já que alguns tipos ainda são pouco conhecidos pela população. Esse é o caso da hepatite delta ou D, um dos mais perigosos, mas pouco abordado em discussões sobre as hepatites virais.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apontam que o Brasil registrou mais de 700 mil casos confirmados de hepatites virais, no período de 2000 a 2021. Destes, a maioria são referentes à hepatite C (38,9%), seguidos pelas hepatites B (36,8%) e A (23,4%), enquanto os quadros de hepatite delta não passam de 1%.

“Apesar de menos frequente, o vírus Delta costuma ser mais perigoso, já que ele ocasiona casos de hepatite crônica mais intensos e que, frequentemente, podem evoluir para cirrose e câncer de fígado, por isso, é fundamental que as pessoas tenham conhecimento de sua existência, podendo se prevenir corretamente”, destaca João Renato Rebello Pinho, coordenador-médico do Setor de Pesquisa e Desenvolvimento do Laboratório Clínico.

A hepatite D, também chamada de delta, está associada com a presença do vírus B da hepatite para causar a infecção e inflamação das células do fígado. Existem duas formas de infecção, sendo elas coinfecção simultânea com o tipo B e superinfecção do HDV em um indivíduo com infecção crônica pelo vírus B.

“Por estarem associados com a presença do vírus da hepatite B e potencialmente aumentarem o risco de desenvolvimentos de câncer, é fundamental que a população esteja atenta à prevenção, que envolve tanto a busca por imunizantes contra hepatite B quanto o uso de preservativos em relações sexuais, já que a transmissão desse vírus ocorre tradicionalmente por via sexual”, ressalta Pinho.

No Brasil, os casos se concentram na região Norte do país, com um acumulado de 73,7% das ocorrências, também segundo o levantamento do Sinan.

Sobre as hepatites virais

A hepatite é a inflamação do fígado, e pode provocar consequências graves, como cirrose, câncer e morte. Existem diferentes tipos de hepatite viral: A, B, C, D e E, e cada um é provocado por um agente infeccioso diferente.

A transmissão das hepatites A e E ocorre via fecal-oral, ou seja, quando a infecção é adquirida por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados com vírus que são eliminados nas fezes das pessoas doentes e até por relação sexual com contato anal-oral. Já as hepatites B, C e D são transmitidas por meio de relação sexual, compartilhamento de instrumentos cortantes contaminados, como agulhas e seringas, instrumentos cirúrgicos, entre outros, e mais raramente por transfusões de sangue quando a triagem de doadores não é realizada adequadamente.

O diagnóstico é basicamente sorológico, realizado por meio de técnicas que pesquisam anticorpos contra os vírus (IgG e IgM) no sangue do paciente. Em algumas situações podem ser necessários testes moleculares (PCR) que pesquisam no sangue o material genético do vírus. Já o tratamento é variável, conforme o tipo. A hepatite A, por exemplo, habitualmente desaparece sem deixar sequelas, já as hepatites B graves e C geralmente são tratadas com medicamentos antivirais específicos que combatem cada um dos vírus. Para as hepatites A e B, já existem vacinas eficazes no combate à doença.

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