No mês em que se celebra o Dia Mundial da Trombose (13 de outubro), o alerta ganha ainda mais relevância e reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. A recorrência da doença é mais comum do que se imagina e preocupa tanto médicos quanto pacientes.
Segundo o cirurgião vascular e membro da Comissão de Tromboembolismo Venoso da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Rafael de Athayde, algumas pessoas têm mais chance de desenvolver uma nova trombose porque permanecem expostas a fatores que mantêm o sangue mais propenso a coagular. “Pacientes com câncer ativo, doenças hematológicas como a síndrome antifosfolípide, certas trombofilias hereditárias, obesidade, imobilização frequente ou uso contínuo de hormônios apresentam maior predisposição. Além disso, quando a primeira trombose acontece sem uma causa aparente, a chance de recorrência é mais alta”, explica.
A diferença entre um episódio único e uma trombose recorrente está justamente na repetição. O evento único ocorre quando geralmente está associado a um fator temporário, como uma cirurgia ou imobilização. Já a trombose recorrente aparece meses ou anos depois, no mesmo local ou em outro ponto do sistema venoso. “Pacientes que já tiveram uma trombose venosa profunda apresentam chance de até 50% de desenvolver uma nova ao longo da vida”, ressalta o Dr. Rafael.
Os sintomas, tanto na primeira manifestação quanto em uma recorrência, costumam ser semelhantes: dor, inchaço, vermelhidão e calor em uma das pernas. Em alguns casos, podem surgir complicações graves, como a embolia pulmonar, quando o coágulo se desloca até os pulmões, provocando falta de ar súbita e dor no peito.
Além das condições de saúde que favorecem o problema, aspectos de estilo de vida também influenciam. O tabagismo, o sedentarismo e o excesso de peso aumentam a ameaça, enquanto a prática de atividade física e o controle do peso ajudam a reduzir as chances de uma nova trombose. “Embora não seja o único determinante, adotar rotinas saudáveis é uma medida importante de prevenção”, orienta o médico.
Para avaliar quem tem maior vulnerabilidade de sofrer uma recorrência, alguns exames podem ser úteis. O D-dímero, marcador biológico que indica alterações no processo de coagulação, por exemplo, pode ajudar a prever a chance de novos episódios após a suspensão do tratamento. Testes genéticos e de trombofilias também são indicados em situações específicas, como pacientes jovens, casos familiares ou tromboses em locais incomuns.
A conduta preventiva é sempre individualizada. Ele leva em conta a causa da primeira trombose, a presença de elementos persistentes e o perigo de sangramento. Em alguns casos, é necessário manter anticoagulantes por longos períodos. “Pacientes com câncer ativo, síndrome antifosfolípide ou múltiplos episódios de trombose muitas vezes precisam de anticoagulação prolongada. A decisão é sempre um equilíbrio entre reduzir a ameaça de uma nova trombose e evitar complicações do uso contínuo da medicação”, explica Dr. Rafael.
Mas há também medidas simples que fazem diferença no dia a dia. Manter-se ativo, evitar longos períodos sentado, levantar-se em viagens prolongadas, hidratar-se bem e usar meias de compressão quando indicado são estratégias eficazes. O abandono do cigarro e o acompanhamento médico regular também são fundamentais.
“Quem já teve trombose deve redobrar a atenção. Seguir corretamente a terapia, adotar hábitos de vida saudáveis e estar atento a sinais de alerta são passos essenciais para evitar novos episódios. Esse cuidado torna-se ainda mais essencial neste período, marcado por ações de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce da trombose”, reforça Dr. Rafael.
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