Falar sobre doenças sexualmente transmissíveis ainda é um desafio em muitas sociedades, e, no contexto brasileiro, especificamente, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) carrega consigo um estigma adicional e ainda gera bastante confusão entre as pessoas.
 

“Ao contrário do imaginário de muitos, o HIV não é uma doença, mas sim um vírus que penetra nos linfócitos CD4, células de defesa do organismo. Ele causa alterações no corpo e contribui para a diminuição da imunidade a longo prazo. Já a Aids é o estágio mais avançado da presença do vírus HIV, quando não cuidado. Por isso, é tão importante buscar orientações médicas”, explica a Dra. Ana Carina Serfaty, infectologista.
 

Segundo relatórios do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), há, atualmente, 39 milhões de pessoas vivendo com o diagnóstico de HIV no mundo, e desse total, 1,3 milhão foram infectadas apenas em 2022. No Brasil, a estimativa para o último ano ultrapassa 1 milhão de pessoas.
 

Quanto à Aids, doença resultante do desenvolvimento do vírus, ela ainda é classificada como uma epidemia e pandemia global. Apesar dessa realidade, a organização prevê que até 2030 a patologia deixe de integrar essas listas.
 

“Normalmente, a transmissão do HIV ocorre através do contato com fluidos corporais de quem já tem o vírus. Esses fluidos incluem sêmen, leite materno, secreção vaginal e sangue”, destaca a infectologista.
 

A médica reforça que a transmissão pode ocorrer, em grande parte, através do sexo desprotegido com uma pessoa soropositiva, seja ele anal, vaginal ou oral, do compartilhamento de seringas contaminadas e também por transmissão vertical, quando a mãe passa o vírus para o filho durante a gestação, no momento do parto ou durante a amamentação, pela falta da realização de tratamento ou profilaxia.
 

Entretanto, com o avanço da ciência, é possível tanto controlar como prevenir a transmissão do HIV de diversas maneiras, muitas delas disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, a população brasileira tem acesso a testes, preservativos femininos e masculinos, lubrificantes, além de profilaxias de pré e pós-exposição ao vírus, conhecidas como PrEP e PEP.
 

“A PEP consiste na administração urgente de medicamentos antirretrovirais contra o HIV após uma situação de risco, sendo um tratamento de curta duração, limitado a 28 dias. Por outro lado, a PrEP é indicada para pessoas que tenham uma maior exposição e, com isso, uma maior chance de entrar em contato com o vírus HIV. Aqui, existe um uso programado de medicamentos, ou seja, a pessoa inicia a ingestão bem antes de possíveis exposições ao vírus. Elas são medicações diferentes”, afirma a médica.
 

Para potencializar os métodos, Dra. Ana Carina enfatiza a importância de a população também ter acesso à imunização contra Hepatite B e HPV. “É possível mudar esse cenário. E é por meio de várias medidas que podemos quebrar o ciclo de transmissão do vírus”, finaliza.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *