Com a chegada do bebê, muda o corpo, muda a rotina… e muitas vezes some também o desejo sexual. Para a sexóloga e fisioterapeuta pélvica Débora Pádua, é hora de derrubar um grande tabu: mães também têm libido — e não devem se culpar quando ela parece ter desaparecido.

“Entre noites maldormidas, hormônios em ebulição e a pressão para dar conta de tudo, o desejo pode mesmo entrar em modo de espera”, explica Débora. “Isso não significa que a mulher perdeu sua sexualidade para sempre. Significa apenas que o corpo e a mente estão pedindo cuidado, paciência e reconexão.”

Segundo Débora, o cansaço extremo causado pela privação de sono e as alterações hormonais do pós-parto — especialmente a queda de estrogênio — impactam diretamente o cérebro e a libido. “O cérebro da mãe fica hiperfocado no bebê. Além disso, a falta de lubrificação vaginal, a dor na relação e a sensação de desconexão com o próprio corpo são barreiras físicas e emocionais muito comuns.”

Ela alerta: o problema não é apenas “falta de tempo” para o sexo — é uma questão de biologia e de emoção. E tentar ignorar isso, ou se cobrar para “voltar ao normal” rapidamente, só piora a situação.

Débora defende que pequenas mudanças de olhar e atitude podem acender novamente a faísca, com gentileza e realismo:

  • Cuide do seu corpo sem pressão: fortalecer o assoalho pélvico com fisioterapia específica melhora a circulação, a lubrificação e a resposta sexual.
  • Redefina o que é intimidade: abra espaço para carinho, toque, beijos demorados — sem necessariamente focar no sexo com penetração no início.
  • Converse (de verdade): falar sobre as emoções e as dificuldades com o parceiro diminui a pressão e aumenta a conexão emocional, essencial para o desejo renascer.
  • Redescubra o próprio prazer: estimular o autoconhecimento corporal, inclusive com massagens ou exercícios sensoriais, é um passo importante para retomar o controle da própria sexualidade.
  • Aceite a nova versão de você mesma: o corpo mudou, mas a capacidade de sentir prazer continua — apenas pede uma nova forma de se expressar.

“Muitas mulheres se assustam achando que perderam algo essencial. Mas a verdade é que a libido materna não desaparece — ela amadurece, se transforma”, conclui Débora. “Com paciência, apoio e carinho consigo mesma, cada mãe pode redescobrir um novo jeito de sentir desejo: mais real, mais profundo, mais conectado com quem ela é hoje.” Neste mês das mães, fica o lembrete: cuidar da própria sexualidade também é um ato de amor — por você e por quem te ama.

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