Já faz algum tempo, que vem se fortalecendo o movimento contrário ao uso da pílula anticoncepcional. Nas redes sociais, há grande número de grupos, páginas, nas quais as mulheres trocam informações sobre meios alternativos de contracepção, principalmente os não hormonais.

A mudança deve-se, principalmente, aos benefícios que os métodos não-hormonais podem trazer à saúde das mulheres. Entre eles, estão a redução do risco de eventos cardiovasculares, retenção de líquido e a não interferência na libido.

Segundo a doutora Erica Mantelli, ginecologista e obstetra, “a mulher que não toma anticoncepcional passa a ser menos acometida por reações inflamatórias, reduz a retenção de líquido, tem menos riscos de varizes e a temida trombose”.

Entre as desvantagens de abrir mão da anticoncepção hormonal, está o menor controle hormonal e problemas dermatológicos, que são aliviados com a pílula. “Além disso, a mulher pode sofrer com cólicas mais intensar e maior sangramento”.

Método alternativo

Antes de escolher o método alternativo, vale dizer que o único tão eficaz quando a pílula é o preservativo – masculino ou feminino – os demais têm menor eficácia que os outros e, preferencialmente, devem ser combinados à camisinha. Isso porque, nunca é demais lembrar, o preservativo previne também a contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e o HIV.

Entre os contraceptivos sem hormônios, existem os métodos comportamentais e os de barreira.

Tabelinha

A tabelinha, método muito usado pelas nossas avós, evita a relação sexual durante o período fértil. “Vem ganhando adeptas por conta dos aplicativos que auxiliam no controle do ciclo. O perigo é errar a conta e fazer sexo em período de abstinência”.

O coito interrompido, também bastante antigo, visa evitar a ejaculação dentro da vagina. Sua eficácia é baixa porque, antes de ejacular, alguns homens podem liberar um líquido rico em espermatozoides. Também pode falhar nos caos em que a ejaculação inicia antes da interrupção.

Método sinsotérmico

O método sinsotérmico é feito a partir do controle diário da temperatura basal que, em dias de ovulação, pode variar cerca de meio grau Celsius no dia da liberação do óvulo. Sua eficácia é diminuída porque esse controle é difícil e o aumento da temperatura pode acontecer por outros motivos, que não só a ovulação.

MOB

O método Método de Ovulação Billings (MOB) baseia-se na análise do aspecto do muco do colo do útero para prever períodos de maior ou menor fertilidade. Assim como o sintotérmico, o muco pode variar por motivos que não apenas a ovulação, o que pode prejudicar sua eficácia.

Métodos de barreira

Entre os métodos de barreira (camisinha masculina e femininas, está ainda o diafragma, que consiste num dispositivo flexível, de látex, que é colocado dentro da vagina e fecha o canal do colo do útero, impedindo que o sêmen chegue até ele.

“Para fazer uso do método, é preciso visitar o ginecologista, que indicará o tamanho ideal para seu colo do útero”. Além disso, ele não é indicado para mulheres que possuam qualquer doença no colo do útero e nem para alérgicas ao látex. O diafragma deve ser colocado no fundo da vagina 30 minutos antes do coito, de modo que não saia da posição, e pode ser mantido de oito a dez horas. Também é possível utilizá-lo combinado com espermicida.

DIU

Por fim, o Dispositivo Intrauterino (DIU) é feito de cobre, em formato de T e é colocado no interior da cavidade uterina e, ao liberar cobre por sua estrutura, torna o ambiente hostil aos espermatozóides.

O DIU é indicado para mulheres com histórico de trombose, ou que tenham efeitos colaterais da pílula anticoncepcional como enxaqueca e náuseas. “Por outro lado, o dispositivo pode aumentar o fluxo e cólicas menstruais.

Por conta das especificidades de cada método e de cada organismo: “é imprescindível a consulta ao ginecologista para que, juntos, possam avaliar o método mais adequado para a mulher que pretende abrir mão do uso do anticoncepcional”.


Dra. Erica Mantelli é ginecologista e obstetra.

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