A primeira coisa a entender é que quando falamos de bebida alcoólica, estamos falando do etanol, que é o álcool presente na cerveja, no vinho e nas bebidas destiladas. “O corpo sabe lidar com o etanol: o fígado quebra essa substância em partes menores e menos perigosas, que acabam sendo eliminadas. É por isso que os efeitos do etanol são bem conhecidos — relaxamento, fala enrolada, sonolência, perda de equilíbrio. Depois de algumas horas, esses sintomas vão embora conforme o corpo processa o álcool”, explica o farmacêutico naturopata Jamar Tejada.
 

O problema é quando a bebida está adulterada com metanol. “Esse álcool é parecido com o etanol, mas o organismo não consegue lidar bem com ele. No fígado, o metanol é transformado em substâncias altamente tóxicas, em especial o ácido fórmico. Esse ácido ataca principalmente o nervo óptico, que liga os olhos ao cérebro, e também prejudica o funcionamento de várias células do corpo. O resultado pode ser devastador: cegueira irreversível, coma ou até morte”, diz.
 

Ressaca de metanol

Logo após a ingestão, o metanol puro pode dar uma sensação parecida com a do álcool comum: leve tontura, sonolência, um certo relaxamento. Ou seja, no início parece uma bebedeira normal.

A diferença é que, depois de algumas horas — geralmente entre 12 e 24 horas — o fígado já transformou o metanol em ácido fórmico. E é aí que os sintomas mudam e pioram:

• dor de cabeça muito forte,

• náuseas e vômitos intensos,

• dor no estômago,

• respiração acelerada,

• e, principalmente, problemas de visão: visão borrada, sensação de “neblina” ou até pontos pretos na frente dos olhos.

“Se a pessoa não receber ajuda médica, esse quadro pode avançar para cegueira, convulsões e até a morte”, alerta Jamar.
 

Como o corpo reage: etanol x metanol

Com etanol (álcool comum) os efeitos aparecem rápido e são proporcionais à quantidade bebida. A pessoa relaxa, pode ficar falante, perde equilíbrio. Depois, o corpo processa e os sintomas passam. Já com o metanol (bebida adulterada) no começo, parece igual ao álcool comum. Mas horas depois surgem sintomas fortes, desproporcionais à quantidade ingerida — dor de cabeça intensa, mal-estar e principalmente alterações na visão. Jamar conta que esses sinais são de alerta máximo.
 

O que fazer em caso de suspeita

Já que não existe cheiro, gosto ou cor que permita reconhecer uma bebida adulterada com metanol. O farmacêutico orienta que, a suspeita deve surgir se:

• a bebida foi comprada de fonte duvidosa ou com preço muito baixo,

• os efeitos foram mais fortes do que o esperado para a quantidade ingerida,

• apareceram sintomas diferentes, como dor de cabeça forte, vômitos e alterações na visão.
 

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