Uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), revelou que grande parte das pessoas acredita que a diabetes é uma doença causada exclusivamente pelo consumo desenfreado de doces. Quase 90% dos entrevistados revelaram acreditar que basta somente evitar ingerir açúcar para estar protegido da doença, mas, segundo o farmacêutico naturopata Jamar Tejada, isso não é verdade!
 

O especialista fala que a diabetes é uma doença multifatorial, ou seja, envolve a combinação de vários fatores ambientais e genéticos. Mas, claro que abusar na ingestão de açúcar e de carboidratos, sem uma rotina de exercícios e sono de qualidade, pode favorecer o sobrepeso, a obesidade e – consequentemente- o seu surgimento.
 

“Engana-se ainda quem pensa que diabéticos não podem consumir carboidratos. Esses pacientes não só podem como devem consumí-los já que esse macronutriente é fundamental para o bom funcionamento do organismo, sendo a principal fonte energética utilizada pelas células. Porém, a questão, como sempre, é o equilíbrio e observar sempre índice e a carga glicêmica”, explica.
 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que menos de 10% do total de carboidratos consumidos em um dia sejam açúcares. No caso de crianças ou pessoas que precisam perder peso, essa taxa deve ser menor do que 5%, segundo a OMS. O brasileiro consome 50% a mais de açúcar do que a OMS alerta. Ou seja, em média, 18 colheres de chá do ingrediente por dia, sendo que o indicado é, no máximo 12.
 

A atenção ainda deve ser redobrada com os produtos industrializados, nos quais o teor de carboidrato é considerado alto quando ele ultrapassa dois terços da porção total. “Tudo isso também depende da composição nutricional total do alimento que se tiver uma boa dose de fibras ou proteína, o índice glicêmico será menor, já que haverá uma redução na velocidade com que o carboidrato vira glicose no sangue”, fala Jamar.
 

Antes de taxar a glicose apenas como vilão, o especialista explica que ela é um tipo de açúcar simples e é também a principal fonte de energia para as células do corpo.
 

Logo depois que nos alimentamos, nosso organismo começa a trabalhar para quebrar os nutrientes dessa refeição em pequenas moléculas para que sejam absorvidas pelas nossas células. Quando exageramos no consumo de glicose, como a encontrada em produtos industrializados (como balas e chocolates) ou no próprio açúcar refinado, geram o que chamamos de pico glicêmico. Esse termo define a concentração máxima que o açúcar atinge na circulação sanguínea. Com uma quantidade exacerbada de açúcar na corrente sanguínea, ocorre uma liberação maior do que a normal de insulina (hormônio do pâncreas) para que a glicose possa ser absorvida pelos tecidos. Se esses picos de açúcar, chamados de picos glicêmicos, são muito altos, e repetidos frequentemente, há um prejuízo na resposta à insulina, que quando é ativada muito frequentemente começa a ‘brecar”, explica.

Ainda segundo ele, no caso do açúcar no sangue, quando há muitos picos glicêmicos descontrolados, os tecidos desenvolvem uma resistência à ação da insulina, que não é o único, mas um dos principais mecanismos envolvidos na diabetes tipo 2. O diabetes interfere na capacidade natural do organismo em controlar o açúcar que circula na nossa corrente sanguínea, impedindo-o de transformar a glicose em fonte de energia. Isso acontece quando o corpo não produz mais insulina, ou quando a insulina produzida é insuficiente para “dar conta” da quantidade de glicose presente no organismo.
 

Jamar lembra ainda que toda dieta deve ser individualizada, cada caso é um caso, os alimentos permitidos e os que devem ser evitados na diabetes poderão variar de acordo com o tipo da doença, os valores de glicemia (gravidade da condição), as preferências alimentares, idade, se há prática de atividade física e muitas outras coisas que podem interferir, devendo ser sempre prescrita e acompanhada por profissionais de saúde.

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