Gestações acima dos 40 anos sempre foram associadas a situações de risco tanto para a mãe quanto para o bebê. Embora esta seja uma lógica que faça sentido, à medida em que a medicina evolui e as pessoas passam a ter hábitos de vida mais saudáveis, o ato de engravidar no período hormonal conhecido como climatério tem se tornado relativamente mais comum. Neste cenário, muitas pessoas acima dos 40 anos optam por técnicas de fertilização artificial, assumindo os riscos de uma gestação em um período da vida em que seu corpo já está se preparando para a menopausa.
Mas, afinal de contas, qual é a diferença entre o climatério e a menopausa? A ginecologista e obstetra Dra. Ariane Horiuchi, explica que embora muitas pessoas associem os termos como sinônimos, são duas coisas diferentes. “O climatério é um período de transição compreendido entre o final da fase reprodutora da mulher até a senilidade. Em geral, varia dos 40 aos 65 anos. Já a menopausa é a interrupção permanente da menstruação, sendo reconhecida clinicamente após 12 meses consecutivos sem que ela ocorra. Ou seja: o climatério é um período onde o corpo está se preparando para a fase não reprodutiva e a menopausa é a data onde efetivamente a mulher não é mais capaz de reproduzir”, explica.
Segundo a médica, a menopausa é classificada como precoce quando ocorre antes dos 40 anos de idade, e tardia após os 55 anos. De acordo com o IBGE, no Brasil a média de idade para ocorrência da menopausa é de 48 anos.
No climatério acontece a gradativa diminuição da fertilidade e, progressivamente, o declínio da produção de hormonal do ovário. Se a falência ovariana ainda não houver acontecido, ou seja, se a mulher ainda não tiver atingido a menopausa, ela ainda pode engravidar mesmo com chances reduzidas. Ainda de acordo com a Dra. Ariane, este momento costuma variar bastante.
“De maneira geral, uma pessoa saudável e sem patologias conhecidas não tem um limite de tempo para gravidez pré-estabelecido: a gestação pode acontecer de forma espontânea em qualquer fase de seu período reprodutivo, em que os ovários estejam funcionando e com atividade preservada. Porém, sabemos que após os 35 e 40 anos de idade os riscos obstétricos aumentam muito e as chances de gestações espontâneas acontecerem reduzem substancialmente”, afirma.
Segundo especialistas, enquanto uma mulher em condições normais de saúde tem aproximadamente 85% de chances de engravidar antes dos 35 anos, uma pessoa entre 40 e 44 anos vê estas diminuírem para aproximadamente 10%. Depois disso, as chances são menores que 5%.
Possíveis riscos
Em casos onde a gravidez aconteça durante este período, a gestante deverá receber acompanhamento médico qualificado o quanto antes. Além de um obstetra, é recomendado que ela tenha acesso a uma equipe multidisciplinar que faça um acompanhamento completo de seu estado de saúde e monitore possíveis riscos associados. Problemas de tireoide como hipotireoidismo e hipertireoidismo, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, síndrome HELLP, restrição de crescimento, diabetes gestacional, hemorragias, aborto espontâneo, parto prematuro e cromossomopatias como a síndrome de Down são algumas das possíveis complicações associadas a gestações durante o climatério.
Apesar dos perigos, muitas pessoas acima dos 40 optam pela reprodução assistida. A Dra. Ariane explica que embora este seja um caminho possível, o Conselho Federal de Medicina (CFM) determina o limite de 50 anos para aquelas mulheres que querem ser candidatas a técnica. De um jeito ou de outro, mesmo que a mulher ainda esteja apta a realizar a fertilização artificial, há cuidados indispensáveis a fim de preservar a saúde da mãe e do feto: “É importante engravidar com as doenças de base bem compensadas e conhecidas pela paciente para evitar assim consequências maternas e fetais graves decorrentes das alterações geradas por essa gestação associada a doenças que já acompanham essa mãe”, conclui.
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