Não é com frequência, mas uma vez ou outra, você já deve ter se deparado com uma pequena ferida na parte interna da boca que causa dor e incômodo, permanecendo por cerca de dias ou semanas. Essa lesão nada mais é do que uma Ulceração Aftosa Recorrente (UAR), conhecida popularmente como afta. 

Segundo a professora do curso de Odontologia, Karine Angar, a afta é caracterizada pela ruptura do epitélio, com exposição de tecido conjuntivo, podendo ser menor, quando existe a presença de úlceras rasas e pequenas em mucosas não-ceratinizada, com um período clínico de 7 a 14 dias e recorrência de 1 episódio por ano ou até 2 vezes por mês. 

“Também podem haver casos de ulcerações maiores, que é quando a ferida (afta) aparece mais extensa, apresentando duração de 2 a 6 semanas, com a possibilidade de deixar cicatrizes. E alguns pacientes, apresentam ulcerações do tipo herpetiforme, que costuma ser menos comum, e a pessoa pode apresentar até 100 lesões por episódio, com uma frequência dos episódios maior. Além disso, este último, acomete mais a gengiva ceratinizada, diferentemente das ulcerações menores. As ulcerações herpetiformes são as mais contagiosas e recorrentes, sendo muitas vezes o estresse um fator desencadeante”, explica. 

A especialista comenta que a ferida possui diversas causas variadas, entre elas: trauma, infecção, doenças autoimunes ou tumorais. “A etiopatogenia das aftas é pouco esclarecida, pois cada paciente apresenta um fator desencadeante diferente, como alimentos cítricos, diferentes temperos, trauma, estresse, entre outros”, comenta. 

“Os diagnósticos das lesões traumáticas podem ser divididos em causas Mecânicas, Físicas ou Químicas. As causas Mecânicas mais comuns são: mordidas, próteses mal adaptadas e arestas de dentes fraturados; Físicas: queimadura térmica por alimentos muito quentes; e Químicas: medicamentos aplicados diretamente sobre a mucosa.” 

Nenhuma faixa etária está livre de adquirir aftas, visto que suas causas são as mais variadas, desde Varicela, GEAH (Gengivoestomatite Herpética Aguda) e Doença de Mãos-Pés-e-Boca, mais comum em pacientes pediátricos, ou até próteses desajustadas, que costumam ser bastante frequente em idosos.  

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Quando acontece o surgimento da ferida, muitas pessoas têm mania de colocar sal, porém, Karine alerta que a prática não deve ser realizada, isso porque não há evidência científica que aponta que o sal pode auxiliar no processo de cicatrização das lesões aftosas. “Corticoides tópicos e laserterapia de baixa potência são os métodos de tratamento bastante utilizados atualmente para auxiliar no processo cicatricial das lesões. Em alguns casos, os anestésicos tópicos podem proporcionar algum conforto ao paciente”, esclarece.

A professora salienta que nem sempre o aparecimento de ulcerações pode ser evitado pelo indivíduo, e que cada caso deve ser orientado de forma específica de acordo com o diagnóstico estabelecido pelo Cirurgião-Dentista. Investigar se o paciente apresenta algum fator irritativo ou trauma na região e/ou lesões semelhantes em outras partes do corpo são indispensáveis no estabelecimento da conduta de tratamento dos pacientes.  

Na maioria dos casos as lesões são auto-limitantes e o tratamento visa apenas aliviar os sintomas, conforme anteriormente citado. Casos com comprometimento sistêmico do paciente, como febre, cefaleia, linfadenopatia e dor de garganta, podem ser prescritos analgésicos e antitérmicos, como no caso da Varicela, por exemplo. 

Cabe destacar que em casos onde haja comprometimento sistêmico do paciente, tratamento multiprofissional deve ser indicado. A professora ainda enfatiza que o Cirurgião-Dentista tem papel fundamental não somente no diagnóstico, mas no tratamento e acompanhamento dos pacientes que apresentam lesões bucais, sendo estas localizadas ou de origem sistêmica. 

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