As costas, mais especificamente a coluna vertebral, têm uma missão de grande importância para a sustentação da nossa estrutura corporal, ignorada pela grande maioria da população até que ela passe a reclamar seu mau uso por meio de um quadro doloroso.
E isso ocorre com frequência, mais precisamente em cerca de oito a cada dez pessoas ao longo da vida. “Não obstante, mesmo quando as costas doem, é comum ela ser “tratada” com automedicação paliativa, que não resolve o problema, tornando as disfunções crônicas e mais difíceis as soluções efetivas”, é o que explica o neurocirurgião, Dr. Alexandre Elias.
Grande parte das dores da coluna é causada por processos inflamatórios e degenerativos, que por sua vez ocorrem como consequência de maus hábitos, a exemplo da má postura, traumas e excesso de peso – tanto o corporal como de sobrecargas em geral, entre outros. “Estes fatores comumente se somam às condições de predisposição genética, e muitas vezes o indivíduo nem sequer sabe que tem, que vão se agravando no dia a dia e pesando, literalmente, nas costas”.
Por isso, prestar atenção aos quadros de dor, sua persistência e em que situações eles mais ocorrem é importante para definir a hora de agendar uma consulta médica, antes mesmo de insistir com medicações analgésicas que apenas vão atuar no sintoma, sem tratar a causa.
A identificação da doença começa a partir de um bom relato individual com histórico familiar, atividades executadas e relações delas com crises de dor, aliando também alguns exames visuais. “Hoje se tem apresentado muito, em congressos nacionais e internacionais, a importância do exame do balanço sagital, em que o paciente é analisado pelo alinhamento de sua postura em pé a partir do início do tronco cervical até a região lombar. É a partir desta base que se tem um melhor guia para o pedido de exames de imagem complementares e procedimentos operatórios, quando necessários”.
O tratamento
O tratamento tende a ser mais efetivo quanto mais cedo a disfunção for identificada. Neste sentido, remédios bem indicados devem responder com melhores efeitos, somados a adesão de terapias físicas de reabilitação postural, prática de atividades físicas de fortalecimento da coluna e alimentação adequada – não apenas para a melhor nutrição como para a manutenção do bom peso corporal.
“Em quadros iniciais de lombalgia por processos degenerativos, por exemplo, são indicados analgésicos e anti-inflamatórios específicos, mas nos casos crônicos eles já não têm o mesmo efeito, a ponto de o paciente precisar de prescrição de opioides (às vezes até injetáveis na estrutura da coluna). A Toxina botulínica A e o CBD, derivado do canabidiol, também tem se inserido na linha de tratamento dos casos crônicos para o atuar no sintoma doloroso”.
Mas quando nada mais alivia a dor e ela se torna incapacitante, é preciso considerar os procedimentos operatórios. Os casos mais frequentes são de hérnia de disco, em pacientes jovens, e estenose de canal lombar em pacientes acima dos 50 anos.
A maior parte das indicações de cirurgias para diversas doenças da coluna se baseia em técnicas minimamente invasivas, tendo inúmeros benefícios para a melhor reabilitação do paciente. “O importante a considerar, dentro do arsenal de possibilidades de tratamento, é que quase sempre é possível melhorar o quadro de dor do paciente, independentemente da sua doença. Mas quanto antes ele procurar ajuda e aderir ao conjunto de terapias propostas, melhores serão os resultados”.
Dr. Alexandre Elias é Neurocirurgião especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), pela Sociedade Brasileira de Coluna Vertebral (SBC), mestre pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e research fellow em cirurgia da coluna vertebral na University of Arkansas for Medical Sciences (EUA). Membro do Centro de Dor e Coluna do Hospital 9 de Julho.
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