Segundo a ONG Obesidade Brasil, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 41 milhões de brasileiros estão obesos, 22% dos homens e 29,5% das mulheres adultas. Muitas pessoas, na ansiedade de conseguir perder peso, caem no erro de buscarem alternativas que prejudicam a própria saúde em troca de resultados rápidos. Assim, recorrem às dietas da moda que, por serem restritivas demais, são insustentáveis ao longo do tempo.

É preciso ter consciência de que a obesidade é um problema multifatorial e necessita de mudança de hábitos. As dietas restritivas, sem o menor planejamento, podem até fazer o indivíduo perder peso inicialmente, mas levam à frustração, pois provocam o reganho dos quilos em um curto espaço de tempo.

Portanto, saiba como emagrecer sem comprometer a saúde:

1 – Fuja de dietas mirabolantes

Para se ter uma ideia, em 2020, o Google Trends apontou quais eram as dietas da moda mais associadas com a busca do termo dieta na plataforma. Entre as mais procuradas estão cetogênica, da lua, da proteína, da sopa, detox, paleo, Dukan, low carb e jejum intermitente. Todas têm em comum a ideia central de rápida perda de peso justificada por um ideal de saúde relacionado a um padrão estético, muitas vezes endossado por celebridades nas redes sociais.

Dietas da internet geralmente são muito restritivas em calorias ou em um grupo alimentar e podem gerar deficiências nutricionais. Por consequência, acarreta cansaço, alterações intestinais importantes, perda de massa magra e, em alguns casos, até anemia. Ainda, por serem insustentáveis em longo prazo, geram o efeito sanfona. Ou seja, além das possíveis mudanças metabólicas, há também danos emocionais ao indivíduo por não conseguir emagrecer.

2 – Porque é importante mudar o comportamento para emagrecer?

Para que a pessoa emagreça de forma saudável e consiga fazer a manutenção do peso é necessário apostar na nutrição comportamental. Não podemos considerar a alimentação apenas como uma escolha racional e achar que hábitos, emoções e preferências ocupam um papel secundário no processo; o olhar deve englobar uma abordagem social, psicológica e biológica. Para que o paciente se engaje na mudança de hábito, é preciso ter empatia, criar vínculo, propor metas realistas, lidar em conjunto com as dificuldades de cada um e ajudar na promoção da aceitação corporal.

É importante ressaltar que o emagrecimento acontece quando o consumo de calorias é menor do que o corpo gasta. No entanto, esse cálculo não engloba a complexa fisiologia da obesidade, pois precisamos levar em conta a adaptação metabólica. O nosso hipotálamo, região do cérebro que é o centro da fome e do controle energético, vai fazer o possível para nos levar de volta ao nosso maior peso, aumentando o apetite e reduzindo o gasto energético. Por isso, ao não individualizar o déficit calórico de forma adequada e não propor a mudança de estilo de vida para o paciente, é quase certo que ele tenha reganho de peso.

3 – Dormir bem influencia no apetite

Quando decidimos mudar hábitos para ter uma vida mais saudável, melhorar a alimentação e atividade física são medidas cruciais. Entretanto, mesmo que não se fale muito, garantir a qualidade do sono também é parte fundamental do processo. O sono de má qualidade reduz a produção de um hormônio chamado leptina, responsável por diminuir o apetite e aumentar a produção de outro hormônio chamado grelina, que eleva a fome.

Ou seja, dormir mal interfere diretamente nessa regulação do apetite ao longo do dia, sem falar do cansaço  para fazer qualquer atividade física devido à privação de sono. Quando o assunto é emagrecimento, diversos hábitos e vias fisiológicas estão interconectadas. Por isso, é raso dizer que basta fechar a boca para emagrecer.

*Por Renata Araujo, PhD e nutricionista

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