Cinco dicas para não errar na nutrição do seu animal de estimação e ajudá-lo a ter uma vida com mais saúde e bem-estar.
A qualidade de vida do pet está diretamente ligada à nutrição oferecida a ele, podendo até mesmo influenciar seu comportamento. Um gato e um cão bem alimentados, no sentido literal da expressão, podem ter menos chances de desenvolver uma série de doenças de natureza gastrointestinais, cutâneas, cardíacas e relacionadas à obesidade, por exemplo. Conhecimento e disciplina são as melhores opções para lembrar que amor também é reconhecer a natureza da espécie e tratá-la adequadamente.
A médica veterinária Natália Lopes, esclarece 5 dúvidas comuns ligadas à alimentação de pets.
1 – Deixar a vasilha do alimento sempre cheia e disponível é o recomendado sempre
DEPENDE – Temos duas situações distintas aqui. O comportamento alimentar do cão difere do comportamento alimentar do gato. Embora ambos devam se adaptar à rotina.
No caso dos cães adultos, eles são mais condicionados a realizarem uma, duas ou até três grandes refeições diárias. Já os gatos, possuem a natureza de fazerem pequenas e frequentes refeições ao longo do dia, sendo mais elegíveis ao tipo de alimentação citada. Além do perfil da espécie, também deve ser levada em consideração a rotina do tutor, pois existem aqueles que conseguem estar em casa para fracionar quantas refeições forem necessárias, e aqueles que passam o dia fora, o que torna necessário deixar o alimento disponível para o dia todo ou lançar mão de comedouros automáticos.
E a palavra-chave aqui é o fracionamento. Independentemente de o alimento estar à disposição do cão e do gato durante todo o dia, ele deve ter sua quantidade controlada de acordo com a prescrição do Médico-Veterinário ou recomendação da embalagem do fabricante. Vale se atentar a essa recomendação, pois geralmente ela se refere a uma quantidade de gramas que deve ser distribuída ao longo do dia e não por refeição.
O alimento disponível sem controle da quantidade poderá predispor o gato ou o cão à obesidade e suas doenças secundárias, como problemas ortopédicos ou diabetes. Além disso, é importante ressaltar os possíveis riscos de contaminação, como insetos, caso o alimento fique exposto por muito tempo. Vale saber que alimentos úmidos não são elegíveis a ficarem no ambiente por mais de 30 minutos, aproximadamente.
O estabelecimento de uma rotina é muito importante não só para o comportamento dos pets, como também para a supervisão do tutor de possíveis alterações em sua saúde, como a diminuição do apetite que ocorre em fase inicial de algumas doenças.
2 – Alimentos para pets são todos iguais, só muda a marca.
MITO – A qualidade dos alimentos manufaturados pode variar de acordo com a qualidade dos ingredientes utilizados, assim como com a inclusão de ingredientes funcionais específicos em sua fórmula, fazendo com que o alimento seja mais ou menos digestível. Ou seja, um alimento com alta digestibilidade apresenta maior absorção de nutrientes do que aquele com baixa digestibilidade.
O tutor também deve optar por linhas de alimentos específicos para as características de raça, idade, estilo de vida, porte e necessidades fisiológicas do pet. Ao longo dos anos, consumir o alimento mais apropriado para a necessidade do pet garante a ele mais qualidade de vida, bem-estar e longevidade. Portanto, oferecer a nutrição correta e precisa também trará resultados positivos ao pet.
É indicado sempre buscar a recomendação de um Médico-Veterinário de confiança para saber qual é a melhor opção de alimento para o pet. Além disso, o próprio tutor pode entrar em contato com as marcas fabricantes e fazer perguntas que ele julgue necessário, como as relacionadas às medidas de segurança de produção, saber quem formula seus alimentos e onde eles são produzidos.
3 – O formato e tamanho do croquete do alimento são feitos de forma aleatória
MITO – Os croquetes combinam nutrientes precisos e balanceados com a anatomia do pet. O formato e tamanho da mandíbula e forma de preensão (como ele pega o alimento da vasilha) poderão ser considerados para o seu desenvolvimento, de forma que facilite a preensão e estimule a mastigação, conferindo tamanho, formato, textura e densidade específicos. Outros benefícios que um croquete adaptado proporciona podem ser vistos em relação à aceitação do alimento, saúde oral, controle de velocidade de ingestão e facilidade de digestão.
Podemos citar raças braquicefálicas, como o Pug, que tem mais dificuldade de preensão devido ao lábio superior ser mais espesso. Ou os gatos Persas, que pegam o croquete pela parte de baixo da língua. Um Yorkshire possui uma cavidade oral muito pequena e cálculos periodontais frequentes, sendo importante a penetração do dente nos croquetes. E alimentos voltados para emagrecimento e animais glutões, tendem a ser menos densos, de forma a conferir maior volume de refeição.
4 – O cachorro e o gato têm o paladar aguçado e, portanto, é necessário variar o sabor da comida
MITO – Se compararmos a anatomia dos cães, dos gatos e dos humanos, veremos que o conceito de sabor que nós, seres humanos, temos é bem diferente em relação aos animais. Dentre os 5 sentidos do pet, o paladar é o menos aguçado e o menos eficiente. E a explicação está na quantidade de papilas gustativas, que são responsáveis por permitir a distinção do doce, salgado, amargo e o azedo no alimento. Enquanto os cães contam com cerca de 1.700 papilas gustativas, os gatos possuem 500 e os humanos têm 9 mil!
Mas então, você pode estar se perguntando como o pet é atraído pelo alimento. Primeiramente, pelo aroma. E aí está um sentido muito mais aguçado nos pets do que nos seres humanos: são de 80 a 220 milhões de células olfativas nos cães, 60 a 70 milhões nos gatos e 2 a 10 milhões no ser humano.
Outro fator é a sensação que o alimento traz à boca desses pets, como formato, tamanho e textura do croquete, temperatura e o sabor em si, pela sua composição macro nutricional.
5 – Para oferecer alimentação natural ao pet, basta selecionar ingredientes que considero saudáveis
MITO – Alimentação natural ainda é um tema que carece de definições no Brasil. Entende-se por natural aquele alimento composto 100% por ingredientes que somente sofreram processos físicos, ou seja, um suplemento vitamínico já não seria considerado natural, pois pode ter processos químicos envolvidos. Hoje, é frequente que o tutor entenda como alimentação natural aquela que é preparada em casa, de forma artesanal e fora de ambientes industriais.
Apesar do uso de ingredientes considerados saudáveis, alguns riscos devem ser alertados para a prática. Em primeiro lugar, uma alimentação do tipo caseira deve ser sempre prescrita por um Médico-Veterinário e formulada por um Médico-Veterinário Nutrólogo ou Zootecnista. Ainda assim, pesquisadores da Universidade de Davis – Califórnia, analisaram livros didáticos, livros de receitas e blogs para Médicos-Veterinários e tutores, e constataram quem em 95% das receitas havia deficiência de pelo menos um nutriente, e em 83% delas, dois ou mais nutrientes, como Zinco, Vitamina E, Vitamina D e Cálcio. Estudos realizados no Brasil pela Universidade Estadual Paulista (UNESP de Jaboticabal/SP), também avaliaram os riscos quando o tutor troca quaisquer ingredientes por conta, acarretando um desbalanço nutricional.
Por isso, se optar por esse caminho, considere falar um Médico-Veterinário especialista em nutrição para pets.
Natália Lopes é médica veterinária e gerente de comunicação científica da Royal Canin Brasil, uma das maiores fabricantes do mundo de alimentos de alta qualidade nutricional para gatos e cães, celebra 50 anos em 2018. Com 16 fábricas no mundo e presente em 92 países, a marca considera sempre o gato e o cão em primeiro lugar e tem sua história focada no conhecimento e respeito por estes animais.
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