O vínculo conjugal permanece como um padrão social recorrente ao longo da história, embora a valorização da independência, do individualismo e do sucesso profissional hoje apresentem desafios para que casais assumam esse tipo de compromisso. Em Por que casamos? Sexo e amor na vida a dois, a professora e pesquisadora Marcia Esteves Agostinho, mestre e doutoranda em História pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, apresenta múltiplas perspectivas de diferentes áreas do conhecimento sobre o matrimônio.

Lançamento da editora Almedina Brasil, o livro resgata um debate sempre atual: natureza ou cultura, qual delas é a responsável pelo comportamento humano? A relação a dois é um desses casos que provocam reações especialmente acaloradas e muitos questionamentos. Por que escolhemos tal pessoa? Por que optamos por ficar sozinhos? É possível ser monogâmico? Sexo ou amor? Qual a base para um vínculo duradouro? Por que casamos?

Para a autora, esta última pergunta é raramente articulada, mas permanece em um cantinho da alma, esperando para saltar em momentos de dúvida ou angústia. A obra é fruto da atenção que a historiadora dá aos temas e problemas do casamento, especialmente aos seus ritos, liturgias e tolerâncias mútuas, tudo isso mediante os laços do amor, que vão bem além do contrato social celebrado e documentado em cartórios e sacristias. Afinal, casamos por comodidade ou comprometimento?

“Não há como escapar. O amor requer compromisso. O amor exige responsabilidade. Não importa o que chamemos de casamento. Seja ele religioso ou civil, oficial ou não, “arranjado” ou romântico, hetero ou homoafetivo, qualquer que seja o tipo de vínculo conjugal que se estabeleça, sua permanência pressupõe entrega mútua. Estar vinculado através do amor significa ser especial para o outro e ter o outro como especial para você. Especial ao ponto de fazerem um pacto, ainda que tácito, de respeito recíproco, segundo o qual um se torna a prioridade do outro.”

(Por que casamos? Sexo e amor na vida a dois, p. 12)

O lançamento é dividido em três partes. Na primeira, a pesquisadora apresenta a evolução do vínculo conjugal ao longo da história, e toma como referência os modelos de organização social, da selva à civilização. As relações entre poder e procriação, bem como as funções do amor e do sexo, também são abordadas. A segunda parte, centrada em temas do presente, discute assuntos característicos dos casamentos modernos: união, infidelidade, rompimento e reconciliação. No último segmento, a autora explora as possibilidades de futuro para o matrimônio. 

Marcia Agostinho concilia, há 30 anos, a dedicação à família com a carreira acadêmica, atuando como professora, orientadora, pesquisadora e autora. Atualmente, conclui o doutorado em História em Nova Iorque, com tese sobre a História das Emoções. Em Por que casamos? Sexo e amor na vida a dois, ela convida os leitores a visitarem a história, com ferramentas das ciências contemporâneas, tais como a biologia evolutiva, a neurociência e a psicologia.

Seguindo essa linha do tempo, a autora expõe conhecimentos disponíveis na literatura especializada, rearticulados com linguagem fluida e leve. “Quem ler este livro não sairá dele como entrou. A autora desarruma os sentimentos, os seus e os dos leitores, para rearrumá-los de outros modos”, destaca Deonísio da Silva, escritor premiado e indicado ao Nobel de Literatura de 2022, que prefacia a obra.

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