Quem já sentiu o aperto no peito, a preocupação excessiva ou a necessidade de sair de um ambiente imediatamente sabe o peso que a ansiedade pode exercer na vida de alguém. Nos dias de hoje, é quase impossível não conhecer alguém que sofra dessa condição. Pensando nisso, a Dra. Julia Trindade, Psiquiatra Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, ensina quais as melhores condutas e o que não se deve falar a alguém com ansiedade.

“Quando perceber que uma pessoa conhecida pode estar lidando com ansiedade, o mais importante é adotar uma abordagem cuidadosa e respeitosa”, frisa a Dra. Julia, acrescentando que é possível oferecer apoio e auxílio adequados em um primeiro momento, mesmo não sendo profissional.

Sua primeira indicação diz respeito à demonstração de abertura para com o assunto. “Seja empático e atencioso. Demonstre que você está disponível para ouvir e oferecer suporte à pessoa. Mostre empatia e compreensão em relação aos desafios que ela pode estar enfrentando. Muitas vezes a pessoa só precisa de alguém para segurar a mão, mesmo sem falar nada”, explica.

A Dra. Julia enfatiza que oferecer a própria disponibilidade é uma forma de deixar a pessoa à vontade para uma possível aproximação e ajuda. “Diga que você está ali para apoiá-la, seja ouvindo, acompanhando-a em consultas médicas ou ajudando-a a encontrar recursos apropriados. Mostre que ela não está sozinha”.

Uma vez que os transtornos mentais ainda não são livres de preconceitos nos dias de hoje, muitas vezes, a própria pessoa pode ter resistências em conhecer possíveis tratamentos. Por isso, Dra. Julia afirma que estimular a busca por profissionais de saúde mental também figura como um ponto crucial para quem quer prestar ajuda. “Sugira que a pessoa procure um psicólogo ou psiquiatra para obter um diagnóstico e tratamento adequados”, recomenda.

Como abordar alguém que sofre de ansiedade a respeito do assunto?

“É importante ter sensibilidade e considerar o relacionamento que você tem com a pessoa. Se você tiver uma relação próxima e de confiança, pode ser apropriado mencionar suas preocupações e oferecer apoio. No entanto, se a relação for mais distante, pode ser mais adequado encorajar a pessoa a buscar ajuda profissional e fornecer recursos de suporte”, pontua Dra. Julia, ao elencar algumas formas cuidadosas de tomar essa iniciativa, caso faça sentido:

  • Escolha o momento e o local adequados: procure um ambiente tranquilo e privado para ter a conversa;

     
  • Seja paciente e ouça atentamente: Dê à pessoa a oportunidade de expressar seus sentimentos e preocupações. Mostre interesse genuíno e evite interromper ou finalizar frases por ela.

     
  • Ofereça apoio prático: Pergunte como você pode ajudar. Às vezes, a pessoa pode precisar apenas de alguém para desabafar, enquanto em outras ocasiões ela pode precisar de assistência para encontrar recursos profissionais ou participar de atividades relaxantes.

O que não se deve falar a alguém com ansiedade?

A psiquiatra também reconhece que existem condutas que devem ser evitadas ao lidar com pessoas possivelmente ansiosas, que nem todo mundo conhece:

  • Não minimize ou subestime os sentimentos da pessoa: É importante reconhecer que a ansiedade pode ser uma experiência real e intensa para quem está passando por isso. Evite frases como “não se preocupe tanto” ou “é só uma fase”.

     
  • Evite julgamentos e estigmatizações: É essencial evitar fazer comentários negativos ou estigmatizantes sobre a ansiedade ou a saúde mental da pessoa. Isso pode piorar a situação e aumentar o estresse dela. Em vez disso, demonstre compreensão e encorajamento.

     
  • Não faça comentários que possam invalidar os sentimentos dela: Evite dizer frases como “Isso é bobagem” ou “não há motivo para se preocupar”. Minimizar ou desconsiderar os sentimentos da pessoa pode piorar a situação. Além disso, falas como “Você precisa relaxar” ou “Não se preocupe tanto” podem parecer insensíveis, pois a ansiedade não é algo que a pessoa possa simplesmente desligar ou controlar facilmente. Nunca diga coisas como “Você só está inventando coisas na sua cabeça”. Além de invalidar algo difícil de lidar, pode fazer com que ela se sinta incompreendida e isolada. Por fim, dizer coisas que parecem inofensivas, como “Todo mundo fica ansioso, não é a pior coisa do mundo”, pode fazer com que ela se sinta mal por estar sofrendo e cada pessoa sente de uma forma, se traz prejuízo e sofrimento, não tem motivo para desconsiderar.

“Em geral, é importante oferecer apoio, ser empático e incentivar a pessoa a buscar ajuda profissional quando necessário. Cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente, portanto, preste atenção às necessidades individuais e respeite os limites estabelecidos pela pessoa que está passando pela ansiedade”, finaliza Dra. Julia Trindade.

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