A maioria das pessoas busca ser reconhecida pelos outros ou ter razão em tudo o que diz. Estudos realizados por pensadores ao longo do tempo, como Deepak Chopra, Confúcio, Sócrates e até mesmo Albert Einstein, sempre lidaram com a questão do ego e dos desejos de cada indivíduo, apontando que praticamente todos querem ter razão, sem abrir mão da sua verdade. 

De acordo com o filósofo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu, antes de tentarmos conquistar o mundo e buscar o reconhecimento de todos, é preciso sermos capazes de provar isto para nós mesmos, antes de tudo.

“É fato que para validar nossas ideias, depois de elas serem validadas por nós, devemos buscar a opinião de especialistas e não de meros especuladores. Por isso, quando resolvemos provar para nós mesmos que estamos certos, e deixamos de querer provar para o mundo que a nossa forma de pensar é superior a forma de pensar dos outros, nos motivamos a seguir em frente e a conquistar os nossos objetivos mais íntimos”, afirma.

Dúvidas e certezas

Para Abreu, depender da validação das pessoas o tempo inteiro pode ser nocivo: “Quando nos apegamos ao que os outros pensam sobre o que acreditamos ser certo, acabamos nos deixando levar por especulações e julgamentos quase sempre não pautados em nossa lógica. E se nos deixarmos influenciar, passamos a duvidar das nossas próprias certezas”.

Na opinião do estudioso do comportamento humano, nossas certezas precisam ser baseadas em fundamentos sólidos e não apenas ou somente na aprovação alheia.

“Primeiro temos que provar a nós mesmos que estamos certos em seguir pelo caminho que escolhemos, nos baseando em nossos estudos estatísticos e no conhecimento que adquirimos das experiências anteriores que tivemos. Falar de um assunto sem aprofundar-se em seu conhecimento pode resultar em uma razão errada e assim, deixar-nos abertos ao julgamento dos outros e ao mais difícil de todos, ao nosso próprio julgamento. Ao querer provar para os outros que estávamos certos, nos desviamos daquilo que desejamos alcançar para focar no “como” aquilo poderá dar certo. E esse desvio nos leva, quase sempre, a nos perder pelo caminho”, afirma.

Deste modo, o filósofo pontua que, caso de enfim, através da autoanálise e de buscar o verdadeiro conhecimento, chegarmos à conclusão que na verdade estávamos errados, então devemos transformar o infortúnio em lições para o sucesso: “Se acreditamos que estamos certos e depois percebermos que não estávamos, devemos acolher o aprendizado e fazer do fracasso o êxito futuro”.

Como se libertar da necessidade de aprovação alheia?

Segundo Abreu, a resposta está mais dentro de nós do que no exterior: “Primeiro devemos beber do nosso conhecimento, sentir que ele nos basta e se sustenta, e com o nosso exemplo, angariar mais adeptos que aceitarão a nossa lógica como verdadeira. Mas se quisermos forçosamente convencer os outros de que estamos certos sem que essa certeza já tenha sido provada para nós, simplesmente não seremos notados e nosso esforço não será reconhecido. Assim, acabaremos desistindo do nosso objetivo por conta das negativas que receberemos quando apresentarmos nossas ideias ainda não comprovadas por nós.” 

O filósofo pontua que é inviável tentar conquistar o mundo se não for possível convencer a si mesmo e que este tipo de trabalho muitas vezes é silencioso: “ O silêncio deve ser o seu melhor conselheiro quando você está convicto de algo. Busque provar para si mesmo que está certo antes de compartilhar as suas ideias com o mundo.” 

Tempo e humildade

Os grandes trunfos para amadurecer como indivíduo e crescer como pensador e influenciador de pessoas, na opinião de Abreu, são reconhecer o tempo e ter uma humildade pedagógica: “Muitas vezes, o mundo não está preparado para as suas ideias, não é o tempo ainda, e às vezes você também precisa se preparar para atuar no mundo de maneira certeira, estando certo de que as suas convicções não são apenas frutos de sua vaidade e egocentrismo, mas sim, são grandes descobertas que não apenas irão te projetar socialmente, mas também moralmente. Nossas certezas podem estar impregnadas de vaidade, por isso é preciso humildade para perceber se elas são realmente o certo a se fazer, ou se só são frutos da nossa arrogância e do nosso sentimento de superioridade. Primeiro prove para si mesmo que está certo, não para os outros.” 

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