A luta pelos direitos das mulheres em busca de melhores condições de trabalho, aumento de salários e diminuição da carga horária acontece há anos. Mas o impacto da pandemia tem evidenciado ainda mais as desigualdades de gênero, já que as mulheres são as mais atingidas pela crise no mercado de trabalho, além de terem ficado ainda mais sobrecarregadas com as atividades domésticas em função da suspensão da rede de apoio que envolve escola, creche, amigos e familiares para ajudar a cuidar dos filhos.
Dividir tarefas se tornou necessário, já que são elas as que mais sofrem com a sobrecarga psicológica causada pela crise do isolamento social. De acordo com a psicóloga e psicopedagoga Karin Kenzler, “durante a pandemia, as mulheres passaram a administrar a casa, cuidar de seus filhos, do home office e dos relacionamentos amorosos. Em função do confinamento e dos altos níveis de estresse, insegurança e ansiedade, foram evidenciadas as desigualdades de gênero”.
Uma pesquisa realizada pela Sempreviva Organização Feminista (SOV) revela que em média, 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia, sendo 52% negras, 46% brancas e 50% indígenas. Essa sobrecarga de tarefas pode gerar cansaço físico, frustração, angústia, crises de ansiedade, transtornos do sono tais como insônia e transtornos alimentares como perda ou aumento do peso.
“Tudo que precisa ser feito que exija tempo, organização e esforço físico, além da carga mental de programar, prever, fazer planos, adiantar falhas, evitar problemas antecipando-se a eles, dando conta de todos os detalhes de sua vida e da vida familiar, fazem com que as mulheres sejam mais afetadas na sua saúde”, comenta a psicóloga Karin Kenzler.
Ela ressalta que baixar expectativas em relação ao próprio desempenho é importante. “Neste período de pandemia, com o aumento do estresse e vulnerabilidade causados pelas mudanças de rotina, a mulher precisa entender e aceitar que não dará conta de tudo com o mesmo nível de exigência a que estava acostumado”.
Para evitar esse cenário de estresse e encontrar o equilíbrio para manter a saúde mental em dia, a psicóloga Karin Kenzler dá algumas dicas:
1. “Organize seu dia de acordo com as exigências do seu trabalho, níveis de concentração, horários e turnos”
Se você souber se planejar, irá perceber que fica bem mais fácil e menos cansativo realizar as suas tarefas diárias.
2. “Peça ajuda aos filhos e companheiro, listando as tarefas e dividindo as de acordo com suas afinidades e competências”
Não é certo deixar todas as responsabilidades nas mãos da mulher e deixar com que arque sozinha com o ônus da pandemia. É uma boa hora para aprender a pedir ajuda e buscar uma divisão mais igualitária.
3. “Baixe seu nível de exigência e expectativa”
Não se culpe se a arrumação das camas, o almoço e a faxina deixaram a desejar; a prioridade agora é a preservação da sua saúde física e mental até o final da pandemia.
4. “Não tente assumir de forma exemplar funções para as quais não tem qualificação”
Como por exemplo, educadora, psicóloga, animadora. Faça somente o que está ao seu alcance, lembrando que o papel dos pais é apenas de colaboradores dos professores e escola.
5. “Evite comparações com outras mulheres, amigas ou familiares, achando que estão melhores do que você”
Assim como nos perfis de redes sociais, as pessoas só mostram o que querem e não toda a realidade que estão vivendo. Procure seguir somente conteúdos e perfis que te façam bem, se preservando.
6. “Dedique um pouco de tempo para cuidar de si”
Faça uma atividade física, um relaxamento ou meditação. Não espere estar motivada para tal, pois a satisfação e prazer e motivação vem depois com os resultados. Apenas comece e transforme este momento num hábito.
7. “Não deixe de cultivar as amizades só por não poder promover encontros”
Ligue para os amigos, desabafe e de risadas. E se precisar não hesite em buscar ajuda profissional. Há atendimento médico, social e psicológico online.
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