Paquerar é natural. Como animais sociais, precisamos de maneiras de expressar interesse sexual nos outros e nos promover como parceiros valiosos.

É por isso que comportamentos de flerte aparecem em todas as culturas de alguma forma. Sem ele, nossa espécie estaria em um impasse reprodutivo.

Então por que paquerar nos deixa tão ansiosos?

O flerte está ligado ao sistema límbico, uma parte antiga do cérebro humano que controla impulsos baseados na sobrevivência, como a sexualidade e todas as emoções que a acompanham. Neste sistema, o flerte é menos uma habilidade social e mais um comportamento impulsivo que toma nosso intelecto como refém.

Mas flertar não é totalmente instintivo. Também é um ato governado por regras culturais e etiqueta social. Quebrar essas regras pode levar a uma perda de capital social que pode ser difícil de recuperar.

Entre o instintivo e o social, não é de admirar que as pessoas se sintam um pouco perdidas ou ansiosas quando se trata da arte da paquera.

Embora não possamos reprogramar o sistema límbico para ser menos prepotente, podemos estudar essa equação evolutiva e reunir dicas científicas para nos ajudar a nos tornar mais confortáveis durante esse momento. Veja:

Autoconfiança

“Seja confiante” é o melhor e pior conselho para flertar. Enquanto a autoconfiança é um pré-requisito, é mais fácil falar do que fazer, não é mesmo?

O Dr. Ivan Joseph, autor do livro “You Got This: Mastering the Skill of Self-Confidence”, não considera a autoconfiança um traço de personalidade inerente, mas sim uma habilidade que qualquer um pode desenvolver.

Joseph argumenta que existem vários hábitos que você pode adotar para promover a autoconfiança, como a repetição (o segredo do sucesso são as tentativas), a autoafirmação (acreditar em seu valor como pessoa) e o poder do reforço positivo (aprender a reconhecer qualidades positivas que você pode trazer para um relacionamento).

“Ninguém vai acreditar em você, a menos que você acredite”, disse o Dr. Joseph durante uma palestra TED Talks.

Sorriso

Sorrir desencadeia dois fenômenos psicológicos nas pessoas. A primeira é a teoria da autopercepção. Conforme observado pelos professores Simone Schnall e James D. Laird da Universidade Clark (EUA), essa teoria postula que se você agir como se estivesse experimentando uma certa emoção, sentirá essa emoção. “Nesse sentido, os sentimentos são as consequências do comportamento, não as causas: nos sentimos felizes porque sorrimos e zangados porque franzimos a testa”, argumentam.

O segundo fenômeno é o contágio emocional. Pessoas felizes são mais acessíveis, mais atraentes e mais agradáveis de se relacionar porque a felicidade delas nos infecta. Pessoas ranzinzas, por outro lado, são tudo menos acessíveis quando estão de cara fechada em um canto de um bar.

Quer que os outros gostem de flertar com você? Sorria.

Imagem: aliceabc0 / shutterstock

Contato visual

Em um estudo publicado na revista científica Journal of Research in Personality, participantes formaram pares com o sexo oposto e foram então convidados a olhar para as mãos dos estranhos, para olhar nos seus olhos, ou para contar quantas vezes seus olhos piscavam.

Participantes que olharam nos olhos um do outro relataram sentimentos mais elevados de afeto.

O contato visual é importante na hora da paquera, mas alguns de nós se sentem mais confortáveis olhando para o sol do que nos olhos de alguém atraente. Felizmente, a educadora Jodi Schulz da Universidade Estadual do Michigan (EUA) tem algumas dicas para te ajudar, como a regra 50/70 – isto é, manter contato visual 50% do tempo enquanto fala e 70% enquanto escuta.

Para evitar o desconforto, ela também recomenda olhar ocasionalmente para o lado. O movimento deve ser lento e deliberado. Se você mexe seus olhos rapidamente, parece nervoso. Já se olha para baixo, sinaliza uma falta de confiança.

Essas dicas servem para contato visual em situações cotidianas, mas fornecem uma referência útil. Como o estudo acima sugere, se a frequência, a intensidade e a duração do contato visual se intensificarem naturalmente, é um bom sinal que você mudou do amigável para o flerte.

Linguagem corporal

Além do sorriso e do contato visual, a linguagem corporal é um componente essencial para a comunicação e desempenha um papel importante na autopercepção e no contágio emocional.

Jean Smith, antropóloga social e cultural que estuda a paquera, aconselha que você se aproxime de um pretende com o corpo “aberto”. Não cruze os braços nem curve os ombros para dentro.

A linguagem corporal também pode ajudá-lo a saber se a pessoa retorna seu interesse. Se os pés dela estão apontando para você, você tem sua atenção. Se estão apontados para longe, pode ser que desenhem subconscientemente “escapar” da conversa.

Reconhecimento

Aprender a reconhecer os sinais de paquera pode ajudá-lo a obter a confiança para flertar de volta.

Infelizmente, somos todos ruins nisso. Em média, nem homens nem mulheres podem reconhecer quando estão sendo paquerados, mas ambos são excepcionalmente bons em reconhecer quando as pessoas não estão a fim deles.

Esse ponto cego mental é provavelmente uma maneira de administrarmos a etiqueta social. Se você não reconhecer alguém flertando com você, você não perderá nada; no entanto, se você interpretar mal o interesse de alguém, corre o risco de ser visto como grosseiro, carente ou simplesmente ficar constrangido.

Além da linguagem corporal, há outros sinais reveladores nos quais podemos prestar a atenção. Um estudo descobriu que os homens são mais propensos a utilizar, durante a paquera, posturas de domínio, como ocupar espaço ou inclinar-se. Enquanto isso, as mulheres tendem a se envolver na apresentação corporal, acentuando suas características físicas através de atitudes como mexer nos cabelos, lamber os lábios ou acariciar o pescoço.

Compreensão da rejeição

Você deve ter notado que a maioria das dicas tem mais a ver com a promoção de si mesmo do que com o envolvimento com os outros, como sorrir e se portar bem. Isso cria conexões através da psicologia que fazem com que os outros gostem de sua presença. Além disso, tira a pressão do flerte e ameniza a rejeição.

“Quando pensamos em flertar assim, isso muda totalmente o nosso paradigma de rejeição. E em situações em que muitas vezes nos sentimos constrangidos ou um pouco nervosos, temos ferramentas científicas para nos ajudar a lembrar o que fazer”, diz o Dr. Smith.

Em resumo: saia, divirta-se e tente fazer algumas conexões.


Hypescience: Por Natasha Romanzoti

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