Ensinar as crianças a lidar com dinheiro desde cedo é uma atitude importante para o futuro delas.

Se você acha que dinheiro não é assunto de criança, talvez seja melhor rever sua posição. Uma pesquisa realizada este ano pela Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), em parceria com Instituto Axxus e a Unicamp, mostrou que 100% das crianças e adolescentes que tiveram aulas de educação financeira nas escolas mudaram positivamente os hábitos em relação ao dinheiro.

A totalidade dos entrevistados também respondeu que reage bem quando não pode ou é proibida de comprar alguma coisa. Mais de dois terços deles (67%) também entendem melhor as reais condições econômicas da família. “Aprender a lidar com o dinheiro desde cedo e desenvolver uma noção de perda e ganho é o que vai garantir o futuro da nova geração”, afirma a educadora financeira e especialista em psicologia econômica, Maiara Xavier.

Para isso, é importante entender que dinheiro é um assunto de toda a família. Todos devem ser responsáveis por fazer o orçamento da casa funcionar. “A partir dos 3 anos, já é possível começar a introduzir o assunto de forma bem lúdica. E quanto mais as crianças crescem, mais responsabilidade vão adquirindo”.

Mesada

Nessa idade, os pais já podem estipular um valor de mesada. Comece, logicamente, com valores baixos. Em geral moedas. “A ideia do tradicional cofrinho funciona muito bem. É importante a criança entender que para conseguir algo, é preciso juntar e fazer escolhas”. Outra dica para quando as crianças forem crescendo: determine algumas tarefas domésticas para que elas mereçam o dinheiro. “Dê responsabilidades e só recompense se elas cumprirem o combinado. Pode ser guardar os brinquedos, arrumar a cama, colocar a comida do cachorro. Estipule tarefas possíveis de acordo com cada idade”.

Planeje o passeio

Quando a família planeja um programa, chame as crianças para conversar. Deixe as regras claras antes de sair de casa. Se elas terão algum dinheiro para gastar no passeio, determine o valor e explique que não haverá gastos extras e nem adianta choro. “Se achar melhor, leve as regras escritas. Assim, não haverá dúvidas. Você terá um ‘documento’ para lembrar os pequenos do que foi combinado em casa”.

Cumpra o combinado

Pais e responsáveis, lembrem-se que vocês são o exemplo. Ensinam mais pelo que fazem do que pelo que falam. Por isso, uma vez estipuladas as regras, seja para mesada, gastos em passeios, presentes… não voltem atrás. “E estejam preparados: as crianças vão testar limites, insistir, fazer manha, chorar… mas não cedam. E aqui não se trata de ter condições financeiras ou não, de poder pagar ou dar presentes fora de época. Trata-se de preparar as crianças para lidar com dinheiro e se tornarem adultos financeiramente responsáveis”.

Planejamento e conquista

A vida real funciona assim: organizar-se e juntar dinheiro para conquistar o que se almeja. Os pequenos têm tendências ao imediatismo, e isso pode ter consequência no futuro. Por isso, nunca é cedo para ensinar que querer não é ter, nem poder. “A criança quer comprar um brinquedo? Mostre quanto ela tem no cofrinho e a ajude a fazer a conta para saber quanto falta para que ela conquiste aquele desejo. Se no meio do caminho ela decidir usar parte da poupança, aponte que ela estará ainda mais longe de atingir aquele primeiro objetivo”.

Aqui vale ainda estimular o empreendedorismo dos filhos. O que eles podem fazer para juntar um dinheiro extra? Vender brigadeiro na escola, por exemplo. Ou então quem sabe fazer alguma tarefa doméstica a mais para conseguir uma remuneração maior na mesada.

Limite e escolhas

“Impor limites e ensinar que a vida é feita de escolhas são as maiores lições que nós adultos podemos dar às crianças”. E isso vale para os gastos. Ensine os pequenos que eles têm um teto para gastar e que, claro, têm de estar de acordo com a realidade financeira da família. Os pais podem ensinar e orientar, mas é importante que a própria criança administre o dinheiro dela. Só assim ela vai se deparar com situações que nós adultos gerenciamos diariamente. “Quero duas coisas, mas só tenho dinheiro para uma delas: qual é mais importante? Quanto devo guardar por mês?”.

Outra dica para as crianças mais velhas é ajudá-las a fazer uma planilha. Isso certamente vai permitir que elas planejem melhor os gastos. “Crianças que são educadas para a vida financeira tornam-se adultos independentes, conscientes e mais responsáveis”.


Maiara Xavier é educadora financeira, coach e influenciadora digital, com 10 anos de experiência em finanças pessoais. Acredita em uma vida com mais propósito e menos status. Especialista em psicologia econômica pela FIPECAFI, cursando MBA em Gestão Financeira e Mercados de Capitais pela FGV, criou um método chamado a Rica Simplicidade em que o essencial e o importante se unem em busca de um equilíbrio, sobrando tempo e energia para enriquecer com saúde. www.youtube.com/channel/mulherrica

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