Na atividade física, a busca pelo corpo perfeito é um dos caminhos para quem aspira ser aceito pela sociedade, ganhar autoestima e camuflar alguma fobia herdada na adolescência.
Na sociedade mundial, a busca pelo corpo bonito e torneado é cada vez mais comum. Dentre os brasileiros, o cenário não é diferente: não é à toa que o Brasil é o segundo em números de academia, perdendo apenas para os Estados Unidos. Mas, afinal de contas, qual o limite entre saúde e exagero? Será que a busca incessante pelo corpo perfeito é resultado de algum distúrbio psicológico?
Para Dra. Cristina da Fonseca, Psicóloga, Psicopedagoga e Especialista em Transtornos de Ansiedade, todo comportamento onde há exagero, ou seja, foge da normalidade, é caracterizado como transtorno, até mesmo quando o assunto é atividade física. “Dentro dos padrões de busca pelo corpo perfeito existe um distúrbio chamado vigorexia ou transtorno dismórfico muscular. As pessoas com esse sintoma se enxergam de maneira diferente da realidade quando se olham no espelho e se veem fracas e sem músculos, mesmo quando são fortes e torneadas”.
Em função desse problema, a pessoa vai à academia todos os dias, abre mão dos relacionamentos interpessoais com a família, amigos e, em muitos casos, muda radicalmente a dieta. Normalmente, quem busca perfeição no corpo, possui baixa autoestima, que pode ter várias origens. “Pode haver uma predisposição genética, consequência de comportamentos hostis e bullyings recebidos durante a infância e adolescência e, por fim, pressão da mídia e da sociedade como um todo, que criam o estereótipo de que corpo bonito representa felicidade”.
Treino na dose certa
Indiscutivelmente, realizar atividade física é extremamente importante para saúde e autoestima. No entanto, para quem já passou dos limites ao abrir mão de outras atividades sociais para se dedicar somente aos treinos, é hora de buscar ajuda. Uma equipe multidisciplinar, com o auxílio de um psicólogo, pode ajudar o paciente a encontrar a dose certa.
O tratamento psicológico é feito com conjunto com nutricionista e um educador físico. “O primeiro passo para curar esse distúrbio psicológico é trabalhar com o conceito imposto pela sociedade que exige corpo perfeito, sem gordura e defeitos. Sem dúvida, o apoio e suporte de amigos e familiares são de grande importância para portadores desta doença, pois o tratamento requer mudanças na rotina diária do indivíduo e não apenas um tratamento específico com medicamentos”.
Dra. Cristina da Fonseca é Psicóloga e Psicopedagoga especialista em crianças, adolescentes e adultos. Formação em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CETCC (Centro de Estudos em Terapia Cognitivo Comportamental). Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para Atuação em Múltiplas Necessidades Terapêuticas. Experiência com transtornos de ansiedade e trabalho em grupo para pessoas que sofrem de ansiedade. Instagram: @psicrisfonseca
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1 Comentário
Excelente texto! As reflexões de Dra. Cristina Fonseca Silva, muito pertinentes, nos chamam a atenção para os usos e abusos causados por essa diitadura do corpo.