Um dos mais influentes escritores contemporâneos sobre criatividade, disciplina e superação, o americano Steven Pressfield retorna ao campo de batalha com A guerra da arte diária, publicação da Hanoi Editora. O combate é contra a resistência — uma força interna e traiçoeira, que bloqueia os projetos mais brilhantes.  

A obra é um diário de campanha escrito por quem passou décadas nas trincheiras criativas, enfrentando de perto cada armadilha que conduz a um desvio do caminho da originalidade e inspiração. O autor oferece 365 dias de motivação, insights e encorajamento, distantes da autoajuda açucarada e de promessas instantâneas. 

Sob uma perspectiva libertadora, Pressfield conduz o leitor a um entendimento mais profundo da batalha, como reconhecer o próprio trabalho, aceitar as derrotas e descobrir o mundo irreal que a mente habita para criar. Ainda, evoca a célebre lição de Rocky Balboa: a necessidade de permanecer de pé até o último dia. E, mesmo sem a promessa de vitória, ele transforma esse princípio em alicerce para a jornada, em que persistir é tão essencial quanto produzir. 

Você é Michael Jordan? Eu também não. Mas ambos podemos trabalhar como Michael Jordan. (…) Talento é importante. Mas, nas artes, o trabalho é mais. Hoje as pessoas dizem que eu sou talentoso.  Mas, por trinta anos, disseram que eu era um fracassado. Todos nós podemos aprender. Todos nós podemos melhorar. O trabalho é tudo. (A guerra da arte diária, p. 64)  

O autor revisita sua própria história, como quando deixou a máquina de escrever, Smith-Corona, abandonada debaixo de roupas por anos, perdendo diariamente a direção certa. Ao retomar seu caminho, Pressfield afirma que a vitória não está em eliminar a força causadora dos desvios durante a jornada criativa, porque isso é impossível, ela reside em lutar todos os dias. O combate pode não mudar a natureza da resistência, mas transforma profundamente quem luta.  

Ilustrado pelo premiado artista Victor Juhasz, colaborador de Rolling Stone, The New Yorker e The New York Times, o livro ganha ainda mais potência visual e narrativa. O prefácio de Jurandir Gouveia, criador do maior canal de storytelling do Brasil no YouTube, conecta a obra ao público brasileiro e reforça a relevância contemporânea desse chamado ao embate cotidiano.  

Esse é um mapa de guerra, uma prática, um ritual, forjado como uma extensão do primeiro livro, A Guerra da Arte, reunindo citações dessa obra essencial, de Portões de Fogo e do blog Writing Wednesdays, todos textos do autor. As lições trazidas não romantizam o processo da criatividade nem tentam torná-lo leve, mas reconhecem a luta de hoje tão difícil quanto a de ontem, e que a resistência não descansa.  

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