No final de semana, Maíra Cardi afirmou em seu instagram que sua alta produção de leite se deve ao consumo de cerca de três litros de água por dia. A influenciadora, que já passou por cirurgia plástica nas mamas antes da gestação, disse que mesmo após ter “cortado os ductos” durante o procedimento, consegue produzir leite “em abundância” por estar leve, tranquila emocionalmente e por beber 3 litros de água diariamente.
“Eu coloquei 400 ml de silicone e diminuí a aréola, cortei mais da metade. Tirei todos os dutos, então eu tinha certeza de que não ia dar. Fui para a maternidade e mandei fazer a fórmula da bebê. Ainda assim, quis tentar. Se desse, deu. Se não, tudo bem. Acho que esse meu desencanar ajudou muito. O que eu faço é tomar muita água pelo menos 3 litros por dia, porque o que faz leite é água”, disse Maíra em vídeo publicado nas redes sociais.
Para Dra. Alessandra Paula, fisioterapeuta, especialista em pós-parto e aleitamento humano e idealizadora da Clínica CRIA, reduzir a amamentação a uma questão de hidratação é perigoso e pode causar frustração em mães que enfrentam dificuldades reais.
“Baixa produção de leite não é algo que se resolve bebendo três litros de água e ficando zen”, explica. “A hidratação é importante, claro, uma mãe desidratada pode ter prejuízo na produção, mas dizer que ‘água faz leite’ é simplificar demais um processo que é hormonal, mecânico e emocional.”
A Dra. Alessandra esclarece que a produção de leite depende principalmente de estímulo, ou seja, do esvaziamento frequente das mamas, da pega correta, do descanso e do equilíbrio hormonal.
“O corpo entende que precisa produzir mais leite a partir do estímulo da mamada. É a sucção do bebê que manda o sinal para o cérebro liberar hormônios e produzir mais leite. A água ajuda o corpo a funcionar bem, mas não é o que determina a quantidade de leite”, explica.
Outro ponto levantado pela especialista é o impacto de cirurgias mamárias sobre a amamentação. “Mamoplastia redutora e mastopexia são fatores de risco para a amamentação porque podem remover tecido glandular, cortar ductos e afetar nervos ligados ao reflexo de ejeção do leite. Quando uma mulher amamenta após uma cirurgia, significa que a técnica preservou essas estruturas e não que o emocional reconstruiu o que foi retirado.”
A Dra. Alessandra alerta: “Nem toda cirurgia impede a amamentação, mas casos assim exigem acompanhamento profissional”, reforça. Ela lembra ainda que relatos pessoais, mesmo bem-intencionados, não substituem a orientação técnica.
“Influenciadores têm direito de compartilhar suas experiências, mas é importante lembrar que experiência individual não é evidência científica. Quando uma mãe não consegue amamentar exclusivamente depois de uma cirurgia, o nome disso não é falta de vontade é consequência anatômica e fisiológica.”
Para a especialista, o aleitamento deve ser tratado como um processo complexo e individual. “Produção de leite é resultado de um corpo que responde, um bebê que mama bem e uma mãe que recebe suporte adequado”, conclui a Dra. Alessandra Paula.
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