Cerca de 50% dos casos da tontura estão relacionados a doenças de ouvido e outros 40% a doenças neurológicas.

Nas unidades de emergência, a vertigem deve ser levada a sério e investigada. O foco é verificar se a vertigem aguda é de causa periférica ou central.

Existem três testes básicos, os chamados “bedside tests” que podem ser feitos à beira do leito e que decifram o local da vertigem (no labirinto, no órgão periférico ou no sistema nervoso central). São eles: (1) a pesquisa do reflexo vestíbulo-ocular por meio do “head impulse test”, (2) a pesquisa de nistagmo multidirecional por meio do “teste semiespontâneo”, e (3) a pesquisa de estrabismo vertical por meio do “skew deviation test”.

“Esse diagnóstico diferencial é fundamental visto que cerca de 5% dos casos de vertigem aguda, associada a náuseas e vômitos, atendidos em pronto-socorro e ou unidades de emergência são decorrentes de acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame. E nem sempre em tais locais de pronto atendimento hospitalar existe a disponibilidade de tomografia computadorizada como recurso diagnóstico imediato”, alerta Dra. Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista e otoneurologista.

A especialista explica ainda que os sinais apresentados na tontura periférica podem apontar para diagnósticos como neurite vestibular (vertigem aguda desencadeada por falência súbita do nervo vestibular de um lado do crânio causada por infecção viral) ou VPPB (vertigem aguda associada ao posicionamento de cabeça desencadeada pelo desprendimento de partículas ou cristais ou cálculos de um determinado compartimento do labirinto para outro, onde não deveriam estar presentes). Já no caso da vertigem aguda central, problemas mais graves, como AVC de fossa posterior ou tronco cerebral ou cerebelo podem fazer parte do diagnóstico.

“A tontura deve sempre ser investigada. Pode ser uma coisa simples e de fácil resolução. Entretanto, independentemente do motivo, quanto mais cedo se procura ajuda maiores serão as chances de recuperação rápida, e menores serão as probabilidades de sequelas, do problema se tornar crônico, persistente e duradouro”, alerta.

A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) preparou vídeo que explica sobre os sintomas e os cuidados com a tontura.
Outras Doenças Relacionadas à Tontura:

Enxaqueca, diabetes, doenças da tireoide, colesterol alto, infecções de ouvido ou do nervo do labirinto, osteoporose, TPM (tensão Pré-menstrual), climatério e AVC (acidente vascular cerebral) são causas possíveis de tontura.

Sintomas – Mais frequente em idosos, a tontura preocupa os especialistas, principalmente por elevar, significantemente, o risco de quedas (30% das quedas em idosos decorrem de distúrbios do equilíbrio). Vale ressaltar que as quedas representam a causa mais comum de mortes em pessoas nesta faixa etária.

A presença de dificuldade na marcha, falta de coordenação e desequilíbrio, dificuldade para falar, formigamento, dormência ou paralisia na face (em geral de um lado só), escurecimento da visão ou visão borrada pode indicar comprometimento do sistema nervoso central. No caso de dor de cabeça súbita, acompanhada de náuseas, vômitos e vertigem, o derrame ou acidente vascular cerebral (AVC) precisa necessariamente ser descartado.

Labirintite #Tontura – Dra. Jeanne explica que, ao contrário do que muitos pacientes imaginam, a tontura nem sempre está relacionada à labirintite. “A labirintite era bem mais frequente no passado, pela elevada incidência e prevalência de infecção de ouvido, cujas toxinas muitas vezes progrediam e acometiam o labirinto. Hoje em dia, com a evolução em pesquisas científicas e o surgimento dos antibióticos de última geração, este quadro clínico é bem menos visto na prática clínica corriqueira. Portanto, o termo mais correto a ser usado na atual realidade é Labirintopatia”, esclarece.

Prevenção

Alguns hábitos do dia a dia podem contribuir para evitar o aparecimento da tontura:

  • Preferir alimentação saudável e fracionada
  • Não fumar
  • Evitar álcool
  • Evitar doces e guloseimas
  • Praticar exercícios físicos regularmente
  • Dormir bem
  • Prevenir o estresse
  • Beber bastante água
  • Fazer check-up anual

Dra. Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP. Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

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