Síndrome locomotora: o mundo está envelhecendo mais rápido do que percebemos e com isso cresce o número de doentes crônicos. Estimativas da Organização Mundial de Saúde apontam que o número de idosos quase triplicará no Brasil até 2050, representando 30% da população.

Os que já somam mais de seis décadas de vida são os principais acometidos por artrose, osteoporose e desgastes articulares – compondo, assim, um grupo suscetível à Síndrome Locomotora, caracterizada pela perda de funcionalidade do indivíduo.

A geriatra Daniela Tavares, explica que o termo foi criado por especialistas japoneses em 2007 para designar pacientes ortopédicos que manifestam dificuldades para se locomover, acompanhado de fortes dores e perdas frequentes de equilíbrio.

“O diagnóstico é feito por meio de simples questionário que identifica idosos sob alto risco de tornarem-se dependentes de cuidados e, concomitantemente, elevar o gasto em saúde pública. A condição é em decorrência de desordem locomotora, ou seja, na articulação, no osso, no músculo e no disco vertebral da coluna”.

Família tem papel importante

Reclamações recorrentes de dor; dificuldade para andar; subir escadas; atravessar a rua; colocar uma meia; perder o equilíbrio; e cair frequentemente são alguns dos sinais que os familiares devem ficar atentos e que podem indicar a presença da Síndrome Locomotora.

“Importante não confundir com características da idade e achar que é normal. Isso acontece entre a população em geral e também com muitos médicos não geriatras. Não é alto natural do envelhecimento”. “Esta síndrome atenta que o idoso está perdendo funcionalidade, tornando-se menos independentes”.

Estilo de vida ativo é pilar da prevenção

É fundamental tratar comorbidades pré-existentes, como diabetes e hipertensão, bem como praticar atividades físicas regularmente, controlar o peso e manter dieta saudável. “Exercícios que evitam desgaste articular e preserve o equilíbrio são importantes para prevenir que a síndrome se instale. Além disso, também se deve atentar-se sobre a circunferência abdominal e o ganho de peso”.

Não existe medicação específica para o tratamento de Síndrome Locomotora, mas, sim, para aliviar as dores que coexistem com esta condição. De acordo com a geriatra, o problema está atrelado fortemente com a dor crônica, que acomete 60 milhões de brasileiros, conforme afirmam dados a SBED.

Envelhecimento populacional

Em relatório do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em 30 de agosto de 2016 é possível constatar-se o claro envelhecimento da população nos últimos anos no país. O crescimento demográfico referente ao ano de 2016 é de 0,8%, o menor do milênio – em 2001, o percentual foi de 1,4%; 0,97% em 2011; 0,9% em 2013; 0,83% em 2015.

“Estamos passando por importante transformação populacional e, nos próximos anos, graças a esta diminuição do crescimento, teremos maior número de idosos. Precisamos educarmo-nos para sustentarmos estilo de vida saudável, a fim de termos pessoas mais funcionais quando passarem da marca de 60 anos de idade”.


Dra. Daniela Tavares é geriatra e membro do Comitê de Dor no Idoso da Sociedade Brasileira para Estudos da Dor (SBED).

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