Se fosse apenas matemática, bastaria comer menos e se mexer mais. E, ainda assim, vemos pessoas que seguem dietas à risca, treinam, dormem pouco, e não perdem um grama. O motivo? O corpo não é uma calculadora, é um organismo vivo, com mecanismos complexos que reagem a muito mais do que números.
 

O déficit calórico existe, mas não é tudo

“Sim, o déficit calórico é real e necessário para perder peso. Sem ele, o corpo simplesmente não acessa os estoques de gordura. Mas o que a maior parte das pessoas não entende é que ometabolismo se adapta rapidamente. Quando há redução calórica prolongada, o corpo entra em modo de economia, reduzindo o gasto energético para se proteger.”. explica o nutrólogo Dr. Francisco Saracuza.
 

Esse “modo de sobrevivência” é um dos grandes vilões do emagrecimento moderno. Ele desacelera o metabolismo, aumenta a fome e reduz a disposição, criando o cenário perfeito para o efeito sanfona.
 

Hormônios, sono e estresse: os sabotadores invisíveis

O déficit calórico pode até existir, mas se o corpo estiver em desequilíbrio hormonal, ele simplesmente não obedece. Cortisol elevado (hormônio do estresse), resistência à insulina, alterações de tireoide e queda de testosterona são alguns dos fatores que dificultam o emagrecimento, mesmo com dieta e treino adequados.

Além disso, dormir mal ou viver sob constante estresse eleva os níveis de grelina (hormônio da fome) e reduz a leptina (hormônio da saciedade). O resultado é o ciclo vicioso: cansaço, compulsão e estagnação.

O corpo também emagrece pela cabeça

A perda de peso sustentável depende tanto do estado mental quanto do físico. Quando o organismo está inflamado e o cérebro em alerta constante, o corpo entende que precisa reter energia, não liberar. É por isso que dietas muito restritivas ou “modismos de 30 dias” geralmente falham, elas tratam o sintoma, não a causa.

A abordagem integrativa do emagrecimento busca justamente identificar esses bloqueios: por que o corpo está resistindo? O foco não é apenas no prato, mas no organismo como um todo: metabolismo, hormônios, sono, intestino e até estado emocional.
 

Tirzepatida e os avanços no tratamento da obesidade

Nos últimos anos, a medicina tem evoluído rapidamente no entendimento de como o corpo regula o apetite, a glicose e o metabolismo energético. Um dos principais avanços é a tirzepatida, uma molécula que atua simultaneamente sobre dois receptores hormonais: GLP-1 e GIP.
 

Originalmente desenvolvida para o tratamento do diabetes tipo 2, a tirzepatida tem se mostrado uma das mais eficazes ferramentas para controle de peso em pacientes com resistência metabólica, dificuldade de saciedade e desregulação hormonal.
 

Com o acompanhamento médico adequado, ela auxilia na redução do apetite, melhora da sensibilidade à insulina e controle da inflamação metabólica, proporcionando resultados consistentes e sustentáveis. É um exemplo de como a medicina moderna pode potencializar o emagrecimento de forma inteligente e segura, sem recorrer a dietas extremas ou promessas irreais.
 

Emagrecer não é castigar o corpo, é reprogramá-lo para funcionar como deveria. Isso envolve ajustar hormônios, restaurar o sono, equilibrar nutrientes, reduzir inflamações e, sim, gerar um déficit calórico real e saudável.
 

O Dr. Francisco Saracuza conclui: “Se você não está emagrecendo, não é falta de força de vontade, é falta de diagnóstico. Antes de cortar mais calorias, vale investigar o que está impedindo seu corpo de responder. Às vezes, o que parece um “erro de cálculo” é, na verdade, um corpo tentando se proteger. E é justamente aí que a medicina de precisão, com acompanhamento individualizado e tratamentos como a tirzepatida, redefine o que significa emagrecer de verdade.”

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