A morte da jovem de 28 anos, após um procedimento estético no Rio de Janeiro, reacendeu o debate sobre a segurança da lipoaspiração com enxerto de glúteos — técnica conhecida como Brazilian Butt Lift (BBL). O caso, que está sob investigação, traz à tona questionamentos sobre os riscos envolvidos e os cuidados necessários antes de optar por esse tipo de cirurgia.
Para a cirurgiã plástica Dra. Chreichi L. Oliveira, procedimentos como o BBL carregam riscos relevantes, principalmente relacionados à embolia gordurosa, quando partículas de gordura entram na corrente sanguínea e podem atingir órgãos vitais. “Estudos indicam que o risco de morte varia de 1 em 2.500 a 1 em 15.000, dependendo da técnica e do rigor na execução”, explica. Outras complicações incluem necrose da gordura, infecções, tromboembolismo, reações ao anestésico e resultados estéticos insatisfatórios.
Protocolos de segurança: o que deve ser obrigatório
De acordo com a especialista, sociedades médicas internacionais e nacionais recomendam uma série de protocolos para minimizar os riscos. Entre eles estão a injeção da gordura apenas no espaço subcutâneo, evitando o intramuscular, e o uso de ultrassom em tempo real durante o procedimento, recurso que reduz a chance de complicações graves.
A Dra. Chreichi também destaca a importância de restrições no número de cirurgias realizadas por dia, como já ocorre em alguns países, e da exigência de ambiente hospitalar ou centro cirúrgico devidamente credenciado, com suporte anestésico e emergencial. “Modelos de negócios que priorizam volume e lucro em detrimento da segurança são especialmente perigosos”, alerta.
Complicação x negligência
Um dos pontos mais discutidos após a tragédia é como diferenciar uma complicação inerente ao procedimento de um caso de negligência. Segundo a cirurgiã, complicações podem ocorrer mesmo quando todos os protocolos são seguidos corretamente, como uma embolia inesperada ou uma infecção pós-operatória tratada de imediato. Já a negligência está ligada à falha nos protocolos mínimos de segurança.
“É fundamental avaliar quem realizou a cirurgia, se era especialista reconhecido, qual técnica foi utilizada, em que local a cirurgia ocorreu e como foi conduzido o atendimento no pós-operatório”, resume a médica.
O que o paciente deve observar antes da cirurgia
Na visão da Dra. Chreichi, cabe também ao paciente uma checagem criteriosa antes de escolher o profissional e o local. Ela recomenda verificar se o cirurgião é registrado e certificado em cirurgia plástica, dar preferência a clínicas com infraestrutura completa, confirmar a adoção de técnicas seguras — como o ultrassom —, e exigir transparência em todas as etapas do processo.
“Preços muito baixos devem acender um sinal de alerta, pois podem indicar falta de qualidade ou de estrutura adequada. O ideal é buscar referências em associações médicas, como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e priorizar sempre a segurança em vez do apelo estético imediato”, conclui.
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