O pastor Esney Martins da Costa, chefe da igreja Renascendo para Cristo, cuja sede fica em Goiânia (GO), está sendo acusado de praticar violência sexual contra fiéis. A reportagem com três denúncias foi exibida pelo Fantástico, no último domingo (1).

De acordo com as informações, uma das vítimas é uma adolescente de 16 anos. Segundo a defensora pública Gabriela Hamdan, foram três as denúncias recentes, mas o pastor já acumula algumas outras acusações. “Crime de estupro, crime de importunação sexual. Tem também a posse sexual mediante fraude, tem crime de ameaça, crime de lesão corporal, porque ele batia nas vítimas”, listou a profissional. As denúncias que chegaram à Defensoria Pública foram encaminhadas à Delegacia da Mulher. A polícia já confirmou que houve importunação sexual mediante fraude.

Ainda segundo a defensora, para manipular a vítima, Esney se colocava como intérprete da vontade de Deus, e alguém que “decifrava os métodos divinos”, enquanto as mulheres buscavam uma luz e um conforto espiritual. “Toda esse processo manipulador do pastor incutiu nelas uma sensação de que elas teriam que se submeter aos atos libidinosos sob pena de desobediência a Deus. Muitas delas relataram que elas se sentiam pecadoras caso elas não se submetessem a essas vontades libidinosas do pastor”, contou Hamdan.

Foto: Divulgação TV Globo

Foi por meio desse argumento que uma das vítimas teria sido molestada pelo pastor. “Ele falava que era para o meu crescimento espiritual, que era pra eu crescer na vida. Ele às vezes confunde até a mente da gente em acreditar que o que ele faz vem de Deus”, recordou ela na reportagem.

A vítima contou que o religioso começou a molestá-la após ela ter revelado um abuso sofrido na infância. “[Ele insistiu:] ‘Você vai ter que passar pela ferida para ser curada. E aí eu fiquei: ‘Meu Deus, eu vou ter que ser molestada de novo para ser curada de um trauma que eu fui na infância?’. Então isso não me deixava dormir”, contou.

Nas negativas, o pastor envolvia o nome de Deus para justificar as atitudes. “Ele falava assim: ‘Você é tão soberba e egoísta. Você acha que isso tem algum valor para Deus? Você não deixa Deus usar eu na sua vida. Cuidado que no

amanhã às vezes Deus vai colocar uma pessoa e vai te estuprar’”, completou.

Adolescente de 16 anos também foi molestada

Uma jovem de 16 anos também está entre as vítimas e foi ouvida pela polícia. A mãe dela relatou os momentos de terror que a filha teria vivido nas mãos do pastor. “Eles tiveram relações sexuais”, disse ela, inconformada. “Todas as vezes que ela ia, ela chegava em casa chorando e se mutilava – as pernas, as costas. E eu comecei a desconfiar”, contou a mãe que também descobriu uma troca de mensagens entre a jovem e o pastor: “Foi um choque. Quando eu vi aquilo, o meu mundo desabou. Eu morri ali”, afirmou. Nas conversas, Esney falava sobre as noites que a garota dormiria em sua casa e até estimulava alguns ataques de “raiva” dela. “Se você tiver de dar uma de doida, você vai lá naquelas imagens da sua mãe e quebra tudinho. Joga no chão e rola no chão com as imagens e quebra tudo. É isso que você tem que fazer. Tá bom?”, recomendou o pastor.

A mãe da vítima afirma que se sentiu enganada e ficou surpresa ao descobrir que sua filha havia se envolvido sexualmente com o pastor. “Ele é um homem de 61 anos, pra idade da minha filha? Eu imaginava que ele era uma pessoa boa, mas ele é muito manipulador”, afirmou.

‘Conselhos’ e ataques

Uma outra vítima do pastor afirma que ele até citava sobre sua sexualidade para praticar os crimes. “Falava que eu era

lésbica e que precisava de tratamento, tratamento de Deus”, relatou a mulher. Ela disse ainda que Esney recomendava que ela se dedicasse somente à igreja, abandonando família e amigos: “Na época eu trabalhava, tinha um

emprego muito bom. E ele disse que eu tinha que sair do emprego e depender de Deus. Ele falava que minha família não prestava e que eu tinha que me afastar da família”.

Foto: Reprodução TV Globo

O que diz o pastor

Durante a produção, o repórter Marcelo Canellas conseguiu encontrar com o pastor Esney Martins da Costa na saída da igreja, mas o religioso se recusou a tocar no assunto. “Eu não tenho tempo. Se você quiser conversar, converse com o meu advogado, tá bom? Deus te abençoe”, declarou.

Por meio de nota, a defesa do líder religioso afirmou que o pastor já foi ouvido pela polícia, prestou todas as informações solicitadas e que está colaborando com as investigações. Segundo a advogada do acusado, ele se colocou à disposição da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente para esclarecer quaisquer denúncias, como do caso com a jovem de 16 anos. O comunicado ainda alega que as denúncias não se tratam de fatos praticados com violência ou grave ameaça.

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