Mas e a intuição? Não é algo emocional? E o sexto sentido?

Você sabia que quando usamos a intuição, podemos acertar em até 90% dos casos das decisões? O pesquisador Marius Usher, da Universidade de Tel Aviv, em Israel, detectou em seus experimentos que o chamado sexto sentido quase sempre é colocado em prática no processo decisório. Mas é usado sem o uso da razão? Sem que haja reflexão antes de decidir?

Aí entra outro estudo do neurocientista Ph.D. Keiji Tanaka do Riken Center for Brain Science, em que ele conclui que a intuição não se opõe à inteligência racional. Na mesma linha, J. David Creswell, da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, descobriu que, quando mantemos o cérebro racional ocupado memorizando dados, quando somos solicitados a tomar uma decisão, as escolhas são mais lúcidas e assertivas.

Eu sempre digo que para as decisões difíceis, devemos tentar trazer nossas possíveis escolhas para campo da razão, da reflexão, do pensar mais e não da emoção. Também ressalto que é importante dar prioridade à nossa essência – para o nosso SER, em detrimento do TER e o benefício coletivo – buscar o NÓS em detrimento do EU.

Intuição

Não é bem assim. A intuição navega entre os dois polos: entre a emoção – nossos sentimentos e a razão – a reflexão. Portanto, precisamos identificar se as nossas impressões em um processo decisório estão baseadas em nossas emoções, com origem em experiências passadas, ou no uso da razão – da reflexão. Veja que interessante que Keiji Tanaka descobriu e servirá de base para a separação que devemos fazer entre o que é intuição e dedução, pois aí reside o cuidado! Disse ele: “A verdadeira intuição ocorre quando um problema é complexo e a resposta intuitiva simplifica e contribui para os momentos de “eureka” e para o que chamamos de inspiração”.

Por exemplo, o processo de escolha das escolas dos nossos filhos. Supondo que você estudou em um colégio tradicional da sua cidade, mantém contato até os dias de hoje com os colegas de sala, graduou-se em uma faculdade conceituada e faz questão que o seu filho vivencie esta mesma experiência. No entanto, estes momentos bons do passado podem ser que hoje, no processo de escolha que você tenha que fazer, não signifique que será uma experiência boa para o seu filho, como foi para você, por uma série de fatores que devem ser analisados.

Então é preciso tomar muito cuidado e separar a experiência percebida daquilo que é real, daquilo que funciona, que é verdadeiro. Este tipo de intuição está muito mais ligado a algo que você conclui – que podemos chamar de dedução, pois é algo que você estabelece uma relação com o passado, e não com a realidade presente no processo de escolha e tomada de decisão. É importante que se faça esta separação, de identificar algo novo do que já foi vivenciado, para que você pense racionalmente, reflita melhor, pense mais e tome a decisão.

Vamos para outro exemplo: imagine que você acaba de identificar alguma demanda por um produto ou serviço até agora não atendida – não existente. Você percebe (intui) a possibilidade de atender a essa demanda pela criação de algo novo, em que a resposta intuitiva simplifica e contribui para a “eureka” a que se refere Keiji Tanaka em suas conclusões sobre intuição.

Sendo assim, costumo dizer que a boa intuição é aquela que está ligada ao novo, a algo não experimentado e não vivenciado e que tem ligação com o futuro. O oposto, é dedução, carrega certa emoção e precisamos trazê-la para o uso da razão e refletir se aquela dedução vale para o processo se escolha presente ou não.


Uranio Bonoldi é consultor, palestrante e oferece coaching personalizado. É especialista em Tomada de Decisão.

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