A morte é um acontecimento que sempre foi vivenciado desde a nossa existência como ser humano, porém ainda é um fato, uma ocorrência de maior citação, como sendo uma das maiores dificuldades do ser humano enfrentar.

Por que ainda não nos acostumamos com a morte, se já sabemos que ela é algo inevitável, previsto e um processo natural de vida? Talvez analisando profundamente, ela não é tão simplesmente vista assim.

Acreditamos que por mais que a morte esteja inserida em nossa história, vínculos, relacionamentos familiares e sociais, são os envolvimentos e laços emocionais que criamos ao longo de nosso desenvolvimento que não nos permitem naturalizá-la, que sempre temos uma reação de dor, sofrimento, angústia, tristeza, desconforto em relação à falta.

Vivenciamos perdas desde o período da infância e assim em nosso percurso de vida vamos guardando essas pessoas e significações formadas com o tempo e o processo de luto, tentamos internalizá-las e ressignificá-las dentro de nós. Nem todos conseguem uma elaboração adequada de seu luto e precisam de auxílio e acompanhamento em suas reações frente a essa ausência.

Ao lidar com perdas, temos o medo de sofrer com a saudade, ou de querer voltar o tempo e desejar mudar algo, fazer algo diferente. A morte traz um sentimento de angústia, sofrimento e impotência, como algo que não controlamos totalmente, por mais que existam atualmente recursos de prevenções e tecnologias.

Lidamos com situações de doenças que não se preveem uma reversão, e precisamos pensar sobre ela, como seria, onde e quando. Até mesmo quando vivenciamos situações traumáticas de acidentes ou violência que pensamos no risco da morte. Ninguém tem essa resposta sobre nosso destino e não é preciso aceitar a morte antes mesmo que ela aconteça, podemos prevenir através de medidas de segurança, mas sem garantias.

Temos dificuldade em falar sobre o assunto e pensar que é possível que isso aconteça. Falar sobre morte é ao mesmo tempo falar de vida, do que se viveu, de como se viveu, quais são as lembranças, quais serão as memórias guardadas.

Marcela Eiras Rubio
Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, Aprimoramento Profissional em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia pelo IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo SENAC. Atuações como psicóloga hospitalar no Programa Melhor em Casa do Hospital Municipal Dr. Moyses Deustch – Mboi Mirim, HGIS (Hospital Geral de Itapecerica da Serra) e HRC (Hospital Regional de Cotia). Atualmente atua como consultora em Recursos Humanos na RHF Talentos – Unidade São Paulo.
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