Reuniões familiares, mesas fartas e celebrações fazem parte das festas de fim de ano, e também tornam esse período um dos campeões em atendimentos de emergência. Engasgos durante a ceia, intoxicações alimentares e desmaios provocados por calor, bebida alcoólica ou longos intervalos sem alimentação estão entre os episódios mais frequentes nessa época. Para orientar a população sobre como agir de forma segura, a professora do curso de Enfermagem, Ana Carolina, explica quais são os primeiros socorros corretos para cada situação e o que deve ser evitado.
Segundo a enfermeira, o engasgo é uma das ocorrências mais graves e exige ação rápida. “O importante é manter a calma e identificar se a pessoa realmente está sufocando. Quando a vítima consegue tossir e falar, significa que ainda há passagem de ar, e o melhor é incentivá-la a continuar tossindo. Já quando não é possível emitir som, há cianose ou a pessoa leva as mãos ao pescoço, estamos diante de um engasgo total e é necessário aplicar a manobra de desobstrução de via aérea imediatamente. A manobra realizada para adultos e crianças foi atualizada segundo a AHA American Heart Association em outubro de 2025 e começa com 5 tapas firmes nas costas (entre as escápulas), seguidos por 5 compressões abdominais, alternando entre as duas técnicas até a obstrução ser resolvida ou a pessoa perder a consciência. No caso de bebês, o procedimento é diferente e deve ser realizado com 5 tapas firmes das costas mesma região do que no adultos e crianças e 5 compressões torácicas (no meio do peito), sempre com cuidado para não causar lesões”, orienta.
Outra situação comum no período é a intoxicação alimentar, resultado do consumo de comidas mal armazenadas, excesso de gordura ou ingestão de bebidas alcoólicas em grande quantidade. Ana alerta que os sintomas podem aparecer rapidamente, com náusea, vômito, diarreia e mal-estar. “A primeira medida é hidratar a pessoa com pequenas quantidades de água ou soro caseiro e evitar qualquer medicação sem orientação profissional. Se houver febre alta, sangue nas fezes, vômitos persistentes ou sinais de desidratação, é indispensável buscar atendimento médico. Não se deve tentar “cortar o efeito” do álcool com café forte, duchas frias ou métodos caseiros, que podem piorar o quadro”, afirma.
Desmaios também se tornam mais frequentes nas celebrações, muitas vezes provocados por ambientes quentes, longos períodos em pé, ingestão de álcool e alimentação inadequada. Nesses casos, a enfermeira explica que a prioridade é garantir a segurança da vítima e avaliar a consciência. “O ideal é deitar a pessoa de costas, elevar levemente as pernas e afrouxar roupas apertadas. Isso ajuda na circulação cerebral e evita quedas caso a pessoa tente levantar-se repentinamente. Quando há perda prolongada de consciência, dificuldade e/ou ausência respiratória, dor no peito, é fundamental acionar o serviço de emergência”, destaca.
A professora reforça que, em qualquer situação de primeiros socorros, medidas populares como oferecer bebidas, sacudir a pessoa, forçar vômitos ou tentar levantá-la à força devem ser evitadas. “Ao contrário do que muitos acreditam, ações precipitadas podem agravar a emergência. O mais importante é garantir a segurança, observar os sinais e buscar ajuda profissional quando necessário, através dos serviços de emergência por meio dos números do SAMU, 192, e do Corpo de Bombeiros, 193.
Para prevenir acidentes, a especialista recomenda atenção redobrada durante as refeições, especialmente com crianças e idosos, além de cuidados com a conservação dos alimentos e moderação no consumo de álcool. “As festas são momentos de alegria, mas também exigem responsabilidade. Conhecer os primeiros socorros básicos pode salvar vidas e evitar complicações graves”, conclui.
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