Mais de 16 milhões de brasileiros têm diabetes tipo 2 — muitos sem saber que estão mais vulneráveis a infartos e AVCs. A doença, silenciosa e progressiva, pode causar danos aos vasos sanguíneos e afetar os nervos responsáveis por transmitir a sensação de dor, o que muitas vezes mascara os sinais típicos de um problema cardíaco.
“É comum o paciente descobrir o diabetes apenas depois de sofrer um infarto ou AVC. Isso acontece porque a doença, quando mal controlada, acelera o processo de formação de placas nas artérias e facilita a obstrução dos vasos”, explica o endocrinologista Marcio Krakauer.
Segundo a International Diabetes Federation, até 80% das mortes entre pessoas com diabetes tipo 2 estão relacionadas a causas cardiovasculares. O risco é ainda maior quando o nível de glicose no sangue está elevado e se soma a outros fatores como hipertensão, colesterol alto e obesidade.
“O diabetes pode afetar os nervos que transmitem a sensação de dor. Por isso, em vez da dor no peito típica do infarto, o paciente diabético pode sentir apenas cansaço, suor ou náuseas. Em muitos casos, isso atrasa o diagnóstico e compromete o tratamento”, alerta Krakauer.
Para evitar complicações graves, o especialista recomenda uma abordagem preventiva com exames regulares, alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e, quando necessário, uso de medicações que ajudem no controle glicêmico e também ofereçam proteção cardiovascular. “Hoje temos medicamentos com benefícios comprovados na redução de infartos e AVCs em pacientes com diabetes tipo 2. O desafio é garantir o acesso a essas terapias, especialmente na rede pública, e aumentar o conhecimento da população sobre os riscos”, afirma o endocrinologista.
O alerta é ainda mais urgente entre os jovens. O número de casos de diabetes tipo 2 tem crescido nessa faixa etária, muitas vezes associados ao sedentarismo, à má alimentação e ao excesso de peso. “Estamos falando de uma geração com risco de sofrer problemas cardiovasculares antes dos 40 anos, algo impensável há poucas décadas. É preciso mudar esse percurso com urgência”, reforça Krakauer.
O excesso crônico de glicose — a hiperglicemia — pode comprometer seriamente as paredes das artérias, favorecendo a pressão alta, o acúmulo de gordura nos vasos e a insuficiência cardíaca. Quando somados a outros fatores de risco, esses danos aumentam consideravelmente as chances de um infarto ou AVC.
CONTINUE LENDO →