Com a chegada dos dias frios, cresce o consumo de chás como forma de aquecer o corpo, trazer conforto e até tratar pequenos desconfortos. Mas o farmacêutico naturopata Jamar Tejada (Tejard), especialista em fitoterapia, faz um alerta importante: “Muita gente acha que tudo que vem da natureza é seguro, mas isso não é verdade. Chás são, na prática, medicamentos naturais, com substâncias químicas ativas que podem interagir com remédios, alterar a pressão arterial, sobrecarregar fígado ou rins e até causar intoxicações.”
 

Perigos comuns escondidos nos chás

• Chás “detox” ou diuréticos: podem causar perda excessiva de sais minerais, desidratação e queda de pressão arterial. Em pessoas com hipertensão, o uso indiscriminado pode interferir na eficácia de medicamentos anti-hipertensivos.

• Chás laxantes: ervas como sene ou cáscara sagrada irritam a mucosa intestinal e, se usadas com frequência, podem causar cólicas, desidratação e até dependência do funcionamento intestinal.

• Chás emagrecedores: frequentemente contêm estimulantes como cafeína, efedrina ou ioimbina, que elevam a frequência cardíaca, aumentam o risco de arritmias, causam insônia, tremores ou ansiedade.

• Misturas caseiras sem orientação: combinar ervas pode potencializar efeitos tóxicos, anular propriedades benéficas ou gerar reações alérgicas inesperadas.

• Uso prolongado ou em altas doses: até mesmo chás calmantes como camomila, melissa ou erva-cidreira podem interferir na ação de medicamentos como ansiolíticos, anticonvulsivantes ou anticoagulantes.
 

Como tomar chás com segurança

Tejard ensina algumas regras básicas para aproveitar os benefícios dos chás sem riscos: “Não se pode inventar receitas sem orientação, pois cada erva tem princípios ativos diferentes e não se deve ultrapassar 2 a 3 xícaras ao dia, salvo indicação profissional”, afirma.
Ele também chama atenção para grupos que merecem cuidado redobrado: gestantes, lactantes, crianças e idosos. “Muitas ervas não são seguras nessas fases da vida, podendo provocar contrações uterinas, alterações hormonais, ou sobrecarga hepática”, explica.
 

Como preparar chás da maneira correta

Embora pareça simples, preparar um chá exige atenção a detalhes que fazem toda a diferença. “A água não deve ser aquecida no micro-ondas, já que assim é impossível controlar a temperatura, e isso será determinante no resultado final. Ela também não deve ferver. O ideal é retirar do fogo assim que as primeiras bolhas começarem a subir, antes de atingir o ponto de ebulição”, ensina Tejard.

Outro ponto essencial é o armazenamento correto: ele é o que garante frescor, aroma e, principalmente, a preservação dos princípios ativos. “Cada planta tem suas características específicas, então não dá para estabelecer um prazo de validade único. Mas, de modo geral, nenhum chá deve ser consumido após 12 horas de preparado. E, nesse intervalo, ele precisa ser armazenado em recipiente de vidro, com tampa e mantido na geladeira”, orienta.

Segundo o farmacêutico, o contato com o ar pode acelerar processos de oxidação e fermentação, prejudicando tanto o sabor quanto as propriedades medicinais. “Quanto menos ar no recipiente, melhor. Do contrário, você corre mais risco de ingerir bactérias do que de colher os benefícios dos chás”, finaliza.

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