Apesar de costumarem ser muito bem pensadas antes de uma decisão mais concreta, as cirurgias de laqueadura (interrupção da conexão ovário-útero) e de vasectomia (oclusão do canal por onde passam os espermatozoides) podem, no futuro, já não ser mais um desejo da mulher ou do homem que passou pelo procedimento.
“Enquanto a laqueadura consiste na obstrução das trompas de falópio que comunicam o útero aos ovários, a vasectomia visa obstruir os canais, por onde os espermatozoides passam dos testículos para o pênis durante a ejaculação”, contextualiza o Dr. Alfonso Massaguer, ginecologista especialista em reprodução humana. Segundo ele, os procedimentos consistem em amarrar e cortar tubos de ligação que viabilizam o encontro entre o óvulo e o espermatozoide, para dar início ao processo de geração do embrião.
“É possível tentar uma reversão, que é a recanalização destes ‘tubos’ por um cirurgião habilidoso e com experiência nestes procedimentos”, informa o médico, explicando que o sucesso de ambas dependerá de fatores como a “idade” da cirurgia esterilizante, o estado das estruturas e a habilidade do cirurgião.
As reversões são prováveis?
A Dra. Graziela Canheo, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, concorda com a especificidade de uma tentativa como essa. “Mesmo em uma situação ideal, as chances de reversão da laqueadura com o retorno da função tubária são pequenas”, opina a médica.
Ela recomenda às pessoas interessadas que busquem conhecer as possíveis consequências no futuro reprodutivo a partir desses procedimentos. “É importante conhecer bem todos os aspectos do assunto porque, na maioria das vezes, mesmo após a reversão, as chances de restabelecimento da função tubária ou deferente não é atingida”, detalha a especialista.
Caminhos possíveis
Também especialista na área, a Dra. Paula Fettback, ginecologista especialista em reprodução humana pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) sugere que casais interessados em ter filhos biológicos mesmo após alguma das cirurgias contraceptivas busquem as técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).
“Para a mulher, o processo é exatamente o mesmo de qualquer paciente, uma vez que as tubas uterinas já não participam desse processo da FIV de maneira nenhuma. Já no caso da vasectomia, o paciente precisará passar por uma punção ou microcirurgia direcionada nos testículos, no local onde os espermatozoides estão”, aprofunda ela, que enfatiza uma incógnita maior em relação ao sucesso das punções de espermatozoide, devido a uma queda na qualidade e/ou na produção secundária, ao tempo e outros fatores.
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