O aclamado Mounjaro™ (tirzepatida) – medicamento para diabetes tipo 2 -, sintetizado pela Eli Lilly do Brasil, acaba de ser aprovado pela Anvisa e tem movimentado o País em torno, principalmente, das suas vantagens em relação ao principal concorrente, o Ozempic (semaglutida).

“A tirzepatida (molécula do Mounjaro) é um agonista duplo de GLP-1 e GIP, que já assombra a comunidade científica desde a apresentação dos seus estudos fase 2, em que foi vista uma redução espetacular da glicemia e do peso em pacientes com DM2”, celebra a Dra. Tassiane Alvarenga, Endocrinologista e Metabologista pela USP.

Traduzindo de forma simplificada, o medicamento tem a capacidade de estimular a ação das incretinas GLP-1 e GIP (hormônios gerados no intestino e liberados depois de refeições). O efeito incretina em um organismo normal é aumentar a produção de insulina pelo pâncreas para manter o controle do açúcar que vem dos alimentos no sangue, ou seja, manter a glicemia equilibrada. A incapacidade dessa regulação deflagra a doença Diabetes.

Voltando às incretinas, ambas estão ligadas a uma maior secreção de insulina, mas estudos levam a crer que o GIP responda por cerca de dois terços dessa contribuição. E é aí que a tirzepatida (Mounjaro™) supera a semaglutida (Ozempic), já que, segundo a Dra.Tassiane, “ele é muito mais GIP do que GLP-1”. Ela continua: “O Mounjaro induz à sensação de saciedade, ou seja, o tempo entre comer e ficar satisfeito. É um efeito mais duradouro do que a perda do apetite, que é a principal característica do Ozempic”.

Ela explica que o efeito da perda de apetite da semaglutida se deve à estagnação da comida no estômago, ao passo que a tirzepatida mantém a taxa metabólica e a perda de gordura independente da ingestão calórica, assemelhando-se a um efeito termogênico. “Ainda estamos entendendo o motivo, mas isso explica a maior perda de peso gerada pelo Mounjaro”, diz a médica.

Dra. Tassiane lembra que a redução de peso em pessoas com diabetes ao usarem o medicamento chega próximo a 15% em sua dose máxima. “Essa taxa é o dobro do que foi visto com semaglutida na dose de 1,0mg/semana em um estudo comparativo”, ilustra a endocrinologista.

Ela explica que a medicação tem doses que variam de 5 a 15mg, em aplicação semanal. “Nas suas doses máximas, ela leva a reduções absolutas acima de 2% na hemoglobina glicada, conseguindo levar mais de 70% dos pacientes a uma taxa abaixo de 6,5%, e quase metade das pessoas para menos de 5,7%, o que seria considerada ‘normoglicemia’”, contextualiza.

“Esses resultados potentes levaram a pesquisas em obesidade que vêm sendo publicadas, porém a medicação ainda não foi aprovada para esse fim em nenhum lugar (embora provavelmente seja questão de tempo)”, pondera Dra. Tassiane.

Pontos de atenção aos diabéticos

A endocrinologista pede atenção a pacientes em tratamento com Mounjaro™ combinado a um secretagogo – substância que provoca a secreção – de insulina ou à insulina. “Eles podem apresentar um risco aumentado de hipoglicemia, logo devem ser orientados a tomar precauções para evitar a hipoglicemia ao dirigir veículos e operar máquinas”, alerta.

Além desses, os pacientes com retinopatia diabética não proliferativa necessitando de tratamento agudo, retinopatia diabética proliferativa ou edema macular diabético devem utilizar o medicamento com cautela, pois o Mounjaro™ não foi estudado nesta população, avisa a especialista.

Recomendações a pacientes interessados em migrar para o Mounjaro™ quando estiver disponível no Brasil

1) Titular dose: são 4 semanas na dose de 2,5mg e depois deve-se fazer aumento gradual a cada 4 semanas, de acordo com a resposta individual.

Estima-se que leva 20 semanas para chegar à dose máxima, de 15mg.

As doses de 5mg devem ser suficientes para pacientes que perderem pelo menos 10% a 15% do peso.

2) Escalonar é importante. Há 6 apresentações de dose.

3) Não criar todas as expectativas em cima do medicamento.

4) Os melhores resultados virão por meio do conjunto de ações associadas ao medicamento, como cuidados com a alimentação, prática de atividades físicas e acompanhamento médico.

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