O contato com a luz solar é indispensável para a saúde, já que é a principal fonte de vitamina D, que regula o corpo humano e afeta o humor. No entanto, em um país tropical como o Brasil, é preciso ter moderação, especialmente durante períodos de calor intenso. Os protetores solares são aliados fundamentais para barrar a exposição excessiva a raios ultravioleta. “Mas é importante saber escolher o fator solar mais apropriado”, ressalta Elimar Elias Gomes, dermatologista. “Para isso, é preciso considerar qual o fototipo da pele e as circunstâncias de exposição ao sol”.
O especialista cita uma variedade de protetores solares, que oferecem diferentes níveis de proteção contra dois tipos de raios: os ultravioleta B (UVB), que têm seu pico no verão e são responsáveis pelas queimaduras e vermelhidão no corpo; e os ultravioleta A (UVA), que são acentuados durante todo o ano e penetram mais profundamente na pele, causando envelhecimento, manchas e alergias. Ambos podem provocar o desenvolvimento do câncer.
A intensidade desses efeitos também é determinada pelo fototipo, uma classificação que se baseia na quantidade de melanina, substância produzida pelo organismo e que protege a pele do sol. “Quanto mais clara a pele, menor a produção de melanina e, portanto, maior o risco de danos ou queimaduras”, explica a oncologista Veridiana Pires de Camargo. Essa escala foi definida pelo médico Thomas B. Fitzpatrick em 1976 e organiza os tipos de pele em seis grupos, de acordo com a capacidade de bronzeamento, sensibilidade e vermelhidão mediante exposição solar.
1 – Pele branca muito clara, praticamente albina: muito sensível ao sol, sempre queima e nunca se bronzeia.
2 – Pele branca: sensível ao sol, sempre queima e bronzeia muito pouco.
3 – Pele morena clara: sensibilidade normal ao sol, queima e bronzeia moderadamente.
4 – Pele morena moderada: sensibilidade normal ao sol, queima pouco e sempre bronzeia.
5– Pele morena escura: pouco sensível ao sol, raramente queima e sempre bronzeia.
6 – Pele negra: totalmente pigmentada e minimamente sensível ao sol, raramente queima.
Essa escala é o ponto de partida para a escolha do produto. No Brasil, o Fator de Proteção Solar (FPS) varia de 15 a 99. O FPS 30 é o mínimo recomendado para quase todos os fototipos, com exceção das peles mais claras, que necessitam de, pelo menos, um FPS 50, e das pessoas com maior risco para o câncer de pele devido à baixa produção de melanina ou outros fatores, como pintas e sardas, sendo recomendável o FPS 99.
Um segundo fator de proteção dos produtos é o PPD (persistent pigment darkening), ou escurecimento persistente do pigmento, geralmente indicado nos produtos com a sigla FP-UVA, agindo contra os raios UVA. A legislação brasileira prevê que o PPD seja igual ou maior que 1/3 do valor de proteção UVB. Ou seja, um protetor de FPS 30 tem que ter, no mínimo, fator de proteção UVA 10.
Fatores adicionais
O tempo de exposição aos raios solares também é um aspecto que deve ser considerado na escolha do produto. “Num trajeto curto, como o de ida e volta ao trabalho, não precisa de um fator mais alto do que o indicado para o fototipo da pele. Já na exposição prolongada, o ideal é usar um produto com FPS maior e reaplicar a cada duas horas, para evitar queimaduras”, comenta Elimar.
O tipo de textura da pele também é um critério importante. Protetores sem óleo são recomendados para peles oleosas ou com tendência à acne, e existem opções específicas para quem tem maior oleosidade na zona T do rosto. Já a pele seca precisa de um produto mais cremoso, com maior capacidade hidratante. Para pele normal ou pouco oleosa existe a opção de produtos de toque seco, que têm característica hidratante, mas com efeito menos oleoso.
O dermatologista orienta fazer a escolha considerando a regra do fator de proteção UVB, pois quanto maior o índice FPS, maior será a proteção para os raios UVA. Também é preciso observar a pele constantemente, avaliando pintas e sinais suspeitos. “Se a pinta ficou assimétrica, alterou a sua coloração, está coçando mais, são sinais de alerta”, reforça a oncologista. O ideal é consultar um médico que avalie os fatores de risco e indique o produto mais adequado. Outras dicas de prevenção incluem evitar expor-se ao sol entre 9h e 15h, que são os horários de maior incidência dos raios solares; e utilizar chapéus, bonés e óculos escuros, além de optar por roupas e acessórios com proteção UV.