Historicamente, o câncer de pele responde por 30% dos casos de tumores malignos no território brasileiro, segundo dados do Ministério da Saúde. As condições tropicais do país favorecem a incidência da doença, que pode ser bastante minimizada com cuidados básicos com a pele, porém cotidianos.

Neste dezembro laranja, liderado pela Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Pele, as dermatologistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Gabriela Guerra e Viviane Scarpa, alertam para a atenção a sintomas atípicos da pele, que podem levar à necessidade de investigações mais profundas.

Partindo da análise de pintas pelo corpo, que podem manifestar a presença do câncer de pele, a Dra. Gabriela Guerra ensina a regra do ABCD:

A) Assimetria: uma metade da pinta não se parece com a outra;

B) Bordas: o contorno da pinta é irregular, sem delimitação clara;

C) Cores: a cor da pinta não é uniforme e apresenta variações;

D) Diâmetro: o tamanho da pinta é superior a 6 mm (a parte de trás de um lápis).

“Outros pontos que nos pedem atenção para investigação com dermatologista são o aparecimento de manchas pruriginosas (que coçam), manchas descamativas ou que sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor, e feridas que não cicatrizam em 4 semanas”, lista a médica.

Dra. Viviane Scarpa concorda e recomenda: “Se você tem alguma lesão na pele que não cicatriza, ou uma pinta que você não tinha e apareceu, ou uma pinta com aumento da espessura e/ou que começou a sangrar e/ou que coça, você deve procurar um médico dermatologista.

Propensão

As recomendações das especialistas servem para todos, mas há aqueles que devem redobrar os cuidados e a atenção e observação do próprio corpo, à procura desses sinais.

“Pessoas com peles mais claras e olhos claros são mais propensas ao desenvolvimento de câncer de pele. Outros fatores são: indivíduos com número grande de pintas (ou nevos); pessoas que já tiveram 5 ou mais queimaduras solares; pessoas que já fizeram ou fazem câmaras de bronzeamento artificial; e aquelas que já tiveram um câncer de pele ou que tenham histórico familiar da doença”, alerta.

A Dra. Gabriela Guerra soma a esses fatores outros pontos de atenção, como pessoas que tomam banhos de sol repetidos com ultravioleta A (UVA) ou que fazem tratamentos médicos com psoraleno mais ultravioleta A (PUVA).

Dá para evitar o câncer de pele?

“Sem dúvida nenhuma!”, alega a Dra. Viviane. “Vemos uma preocupação maior da população em relação à prevenção ao câncer de pele e há cada vez mais informação nos canais de comunicação em relação a este assunto”, anima-se a dermatologista, apontando para o uso contínuo dos protetores solares que protegem contra o câncer de pele, que são os chamados de amplo espectro, que protegem contra os raios UVA e UVB.

Antes que as especialistas detalhem sobre a escolha ideal do protetor solar, elas comentam a boa notícia em relação a esse diagnóstico, que, ao contrário da maioria dos outros tipos de câncer, é passível de cura em mais de 90% dos casos. “Se diagnosticado precocemente, o câncer de pele chega a ter cura em 100% dos casos”, assegura a Dra. Viviane.

“Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, quando descoberto no início, tanto os carcinomas de pele como os melanomas têm mais de 90% de chance de cura. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental”, adiciona a Dra. Gabriela Guerra.

Os tipos de câncer de pele

Há dois tipos básicos de câncer de pele, segundo a Dra. Gabriela. “O não melanoma surge nas células basais ou nas escamosas e representa 95% do total dos casos de câncer de pele. Já o melanoma, tem origem nos melanócitos, células que produzem a melanina, o pigmento que dá cor à pele”, explica.

De forma resumida pela Dra. Viviane, “O não melanoma é o mais comum e tem uma baixa letalidade. Já o melanoma é o mais raro, mas pode ser letal”.

O que o Sol tem a ver com isso?

“A exposição solar sem proteção ao longo da vida pode causar câncer de pele porque a radiação ultravioleta, que penetra na pele, tem efeito cumulativo. Os raios UV danificam o DNA de células e podem surgir lesões na pele”, explica a Dra. Gabriela, complementada pela Dra. Viviane: “Quando temos uma exposição intensa ao Sol, inicia-se um processo de crescimento desordenado da pele, na tentativa de proteger o DNA da célula”.

Por isso, use protetor solar!

Para evitar esse acúmulo da radiação UV, a recomendação esperada das dermatologistas é a aplicação constante de protetores com os fatores que defendem contra os raios UVA e UVB. E isso varia de acordo com o tipo de pele. Por isso, a Dra. Gabriela, dividiu nos seguintes grupos:

• Fototipos 1 e 2: são pessoas de peles muito claras, que costumam ter sardas e não conseguem se bronzear, ficando apenas vermelhas. Esses fototipos demandam um fator de proteção FPS de 60 ou mais.

• Fototipos 3 e 4 vêm de uma pele um pouco mais morena e que se bronzeia com mais facilidade, requerendo um fator FPS de 50 ao começar a se expor ao sol, e um fator 30 depois de já adquirida uma cor.

• Os fototipos 5 e 6 são caracterizados por peles escuras, que não sofrem com queimaduras, mas ainda necessitam de proteção contra o câncer de pele. Nesses casos, o fator de proteção deve ser de, no mínimo, 15.

A Dra. Viviane chama atenção para os tipos de solução. “Se sua pele do rosto é oleosa, procure filtros solares específicos para pele oleosa. Se você tem melasma ou manchas na pele, prefira os filtros solares com cor para a face. Já para corpo, os veículos em creme são bem tolerados. Atenção aos filtros solares em spray que não devem ser utilizados na face e, quando aplicados no corpo, você deve borrifar bem próximo à pele e espalhar o produto com as mãos para uma proteção uniforme e homogênea”.

Cuidados paralelos ao protetor

A cartilha já é antiga, mas vale mais do que nunca para proteger a pele contra o câncer:

  • Evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h;
  • Procurar lugares com sombra;
  • Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas;
  • Aplicar e reaplicar filtro solar com fator de proteção 30, no mínimo

Peles negras também precisam se proteger

“A pele negra possui maior quantidade de melanina, uma proteína que funciona como uma espécie de protetor natural da pele. Mesmo assim, ela exige cuidados diários para mantê-la saudável, livre de manchas e do envelhecimento, como o uso de protetor solar”, explica a Dra. Gabriela. “Geralmente, indicamos o FPS 30 para peles escuras, já que o próprio pigmento da pele negra é um fator de proteção”, complementa a Dra. Viviane.

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