26 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Contracepção. Para Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP e membro da FEBRASGO, a data é extremamente oportuna para disseminar informações que derrubem os tabus que ainda cercam os métodos contraceptivos.

“No Brasil, apenas 13% das mulheres têm conhecimento sobre formas de contracepção e planejamento reprodutivo, enquanto 36% admitiram não saber absolutamente nada a respeito, segundo pesquisa feita pela Ipsos/Organon”, alerta o médico, que também é especialista em Infertilidade pela FEBRASGO e em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein. 

Além disso, um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que mais de 50% das gestações não planejadas no país resultam da falha de anticoncepcionais de uso contínuo. Já estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que mais de 218 milhões de mulheres de países de renda baixa e média, em idade reprodutiva, não têm planos para engravidar, mas não usam métodos contraceptivos.

Uma boa opção de anticoncepcional que vem ganhando adeptas é o implante contraceptivo, já que oferece mais benefícios e praticidade, pois não demanda uso diário. Abaixo, o ginecologista e obstetra Carlos Moraes traz as principais respostas sobre este contraceptivo.

O que é o implante e como ele age: trata-se de um bastonete flexível de 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro que libera continuamente na corrente sanguínea um hormônio derivado da progesterona, o etonogestrel.

“Esse hormônio bloqueia a ação dos ovários, impedindo-os de liberar os óvulos, e também aumenta a hostilidade do muco cervical, que passa a ser mais espesso e, portanto, reduz a motilidade do espermatozoide”. Até o momento, o único implante aprovado e liberado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o ImplanonNXT.

Como é inserido: o implante é subcutâneo, ou seja, é inserido sob a pele, na região interna do antebraço, por meio de um aplicador descartável. O procedimento, que deve ser feito pelo próprio ginecologista, no consultório, exige anestesia local, pois pode causar um leve desconforto.

“Para a inserção, a mulher deve estar entre o 1º e o 5º dia da menstruação, preferencialmente. Caso esteja amamentando, é preciso esperar o final do puerpério, ou seja, 60 dias após dar à luz”, orienta o ginecologista Carlos Moraes.

Como a mulher se sente com o implante: uma vez introduzido, o implante entrará em fase de adaptação, tempo que pode durar de 3 a 6 meses. Dependendo da adaptação, o organismo da mulher pode sofrer algumas alterações, como irregularidade menstrual e escapes. Também pode ocorrer diminuição ou ausência da menstruação, além de pequenos sangramentos fora do ciclo normal.

“Lembrando que qualquer sintoma diferente daqueles esperados, é fundamental informar seu médico na mesma hora. Daí a importância de seguir à risca todas as orientações prévias”.

Qual sua eficácia e duração: conforme Carlos Moraes, o implante contraceptivo é indicado para mulheres que buscam formas mais eficientes de prevenção, pois ele apresenta 99% de eficácia, sendo um dos métodos mais confiáveis no mundo. Ele supera métodos como laqueadura, anticoncepcionais orais, e também o DIU.

“A ação média do implante contraceptivo é de até 3 anos, mas ele pode ser retirado antes deste prazo, caso a mulher queira trocar de anticoncepcional ou engravidar. Se, ao término da validade, a paciente quiser continuar seu uso, o implante antigo é removido e um novo é inserido no mesmo momento”.

Vantagens: além do longo tempo de duração e de ser um método prático, o implante pode ser usado como tratamento para dismenorreia (cólica e outros desconfortos na menstruação) e por mulheres que estão amamentando.

Outros benefícios: previne a gravidez ectópica (gestação do óvulo fora do útero); é uma alternativa para o uso do estrógeno, visto que muitas mulheres não podem realizar o uso de anticoncepcionais à base desse hormônio; não afeta o sistema gástrico e hepático; e diminui os sintomas da TPM e os fluxos menstruais intensos.

Efeitos colaterais: como todo medicamento, o implante anticoncepcional pode gerar algumas reações, ainda que não sejam frequentes: aumento de peso; aumento de oleosidade, acne e manchas na pele; dor de cabeça; alterações de humor; e diminuição da libido.

“Estes efeitos costumam ser transitórios, sendo mais comuns na fase de adaptação. Geralmente, os sintomas desaparecem em até 6 meses após a colocação do dispositivo. Se eles persistirem, comunique seu médico”, alerta Carlos Moraes.

Método só pode ser realizado por médicos habilitados

Em recente resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), foi estabelecido que “são atos privativos do médico ginecologista a inserção e a retirada do implante contraceptivo, sendo proibido que outros profissionais, ainda que da área de saúde, realizem estes procedimentos”.

De acordo com o CFM, a resolução foi estabelecida em razão dos possíveis efeitos colaterais dos métodos contraceptivos, que devem ser escolhidos sempre com o acompanhamento de um profissional médico, com amplo conhecimento no assunto e no histórico de saúde da paciente.

“Vale lembrar que independentemente de sua escolha, a camisinha é indispensável nas relações sexuais, pois, além de também ser um contraceptivo, ela é o único meio de prevenir as infecções sexualmente transmissíveis”, finaliza Carlos Moraes.

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