Se você sofre com o acúmulo de gorduras nas pernas e também no quadril, pode estar com o Lipedema. A doença pode acometer cerca de 5 milhões de mulheres no Brasil. Em nível mundial, cerca de 10% das mulheres possuem a doença e não sabem, de acordo com dados da Sociedade Espanhola de Medicina Estética (SEME).

A principal causa se dá pela falta de informação e conhecimento, já que de acordo com um estudo brasileiro, a doença é confundida por 75% das pacientes com a obesidade. De acordo com o Dr. Fábio Kamamoto, pioneiro no tratamento da doença e um dos membros apoiadores da ABRALI (Associação Brasileira de Pacientes com Lipedema), é necessário diferenciar as doenças.

Como identificar

De acordo com o especialista, é preciso ficar atenta às principais características do Lipedema que está associado a padrões hormonais e por isso quase que atinge exclusivamente o público feminino. Dores frequentes nas regiões das pernas, quadris, braços e antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação ao restante do corpo. No tornozelo, parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno.

“A mulher pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura nessas regiões”, explica.

Alguns pontos merecem atenção, especialmente se houver perda de mobilidade, aumento progressivo dessa gordura com o passar dos anos, dor em algumas das regiões-foco e dificuldades em eliminar a gordura mesmo com dieta e atividade física. O recomendado é procurar um médico pois há grande chance de ser Lipedema.

O diagnóstico da doença pode ser feito por meio de uma ressonância magnética, em que é possível observar o acúmulo de gordura ao redor dos músculos.

Estudo

Um recente estudo brasileiro revelou que 94% das pacientes relataram ter como sintomas: limitação física e impacto psicossocial devido à doença, tumor de gordura, que provoca dor e deixa mulheres com pernas e braços grossos desproporcionais, e joelhos sem contorno.

O estudo analisou 106 mulheres, por meio de um questionário aplicado com questões cujo objetivo era analisar a trajetória terapêutica enfrentada por elas. A doença deve ser inserida no próximo Código Internacional de Doenças (CID 11) apenas em 2022, tendo em vista que é mal diagnosticada no Brasil e no mundo.

Tratamento

De acordo com o especialista há dois tipos de tratamento para a doença, o clínico e o cirúrgico. O tratamento clínico consiste em uma dieta anti-inflamatória (legumes, carnes, sem sódio e glúten ou bebidas alcoólicas); uso de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões; drenagem linfática para tirar o excesso de líquido; e a técnica de taping, aplicada por um fisioterapeuta para melhorar o desconforto.  

“Estas ações amenizam os sintomas, mas não resolvem o problema da gordura nas regiões dos braços, pernas e quadril, pois não extrai as células doentes”, explica.

Já o cirúrgico, é feito com lipoaspiração e é definitivo, uma vez que é removida esta gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. É possível remover até 7% do peso corporal.

O Dr Kamamoto orienta ainda que antes de tratar o Lipedema, é importante que a mulher melhore sua qualidade de vida, fazendo atividades regularmente, mudando hábitos nocivos como consumo de bebidas alcoólicas e tendo uma alimentação equilibrada. 

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