A doença pode atingir 152 milhões de idosos em 2050 – envelhecimento da população e falta de cuidados preocupam

Segundo estimativa da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ), em 2050, o número de portadores da doença deve chegar a 152 milhões em todo o mundo. Com a expectativa de vida aumentando em diversos países, entre eles o Brasil, o Alzheimer está se tornando uma das principais ameaças à saúde. Por isso, especialistas e pesquisadores alertam para a importância de diagnósticos precoces para minimizar os efeitos e, assim, ter um envelhecimento mais saudável e com mais qualidade de vida.

Esquecer uma coisa ou outra pode ser normal. “Com o envelhecimento, a capacidade de memorização continua presente, mas em geral há a necessidade de um tempo maior e de um maior número de repetições em relação aos mais jovens”, revela a geriatra Dra. Ana Catarina Quadrante.

O ideal é procurar um médico especialista se perceber que os esquecimentos estão se tornando constantes. Lapsos de memória frequentes, aliados a mudanças repentinas de comportamento – introversão e extroversão, agressividade, teimosia, falta de senso de direção, dificuldades no aprendizado e alterações constantes na atenção podem ser sinais de doença de Alzheimer.

O diagnóstico é feito através de entrevistas com o paciente e com pessoas próximas e a realização de testes que avaliem as diversas áreas da cognição (memória, linguagem e capacidade de realizar cálculos, por exemplo). Exames laboratoriais e de imagem (como a ressonância magnética) costumam ser realizados para descartar outras doenças, potencialmente reversíveis, capazes de prejudicar a cognição (como alterações metabólicas e deficiências vitamínicas).

Médicos alertam que apesar do Alzheimer não ter cura, é possível retardar o avanço da doença, principalmente no estágio inicial e proporcionar o envelhecimento com qualidade de vida, por meio de uma série de atividades como exercícios físicos, dieta saudável, jogos e entretenimento (que ativam o lado cognitivo) e convívio com pessoas próximas. “Há vários estudos que demonstram que o isolamento social é fator de risco para o desenvolvimento de demências. A manutenção de atividades sociais, dentro da sua possibilidade e segurança, pode contribuir para evolução mais lenta dos sintomas. A socialização ao longo da vida, com a realização de atividades em grupo, contato com amigos e familiares, participação em clubes e igrejas, bem como atividades voluntárias, parecem aumentar as reservas cognitivas cerebrais, sendo protetoras contra o desenvolvimento de demências”, recomenda Quadrante.

O descaso e o avanço do Alzheimer

Estudos mostram que antes dos 50 anos, menos de 5% da população tem síndromes demenciais, enquanto aos 90 anos cerca de 50% da população tem algum grau de demência. Só no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) são registrados 55 mil novos casos de demência por ano, a maioria Alzheimer. E a previsão é que esse número aumente com o envelhecimento acelerado da população.

No mundo existem atualmente 47 milhões de casos. Um levantamento da Alzheimer´s Disease International (ADI) revela que apenas 25% dos casos de Alzheimer são diagnosticados em estágio inicial.  Por falta de informações, muitas vezes, os sinais de esquecimentos não são levados a sério pelo indivíduo e seus familiares, sendo comumente confundidos com efeitos da velhice e caduquice. Isso contribui para que os pacientes sejam diagnosticados com Alzheimer em fase moderada ou avançada da doença. Nesses casos, apesar de existirem atividades que minimizem os efeitos, muito da qualidade de vida se perde e a saúde já pode estar comprometida.

Em contrapartida, o diagnóstico precoce permite que o paciente receba tratamento adequado desde o início e que seja assistido de acordo com as suas necessidades. Idosos em fase inicial da doença podem fazer planejamentos para o futuro antes que a cognição tenha um declínio significativo, podendo manifestar suas vontades quanto aos seus cuidados, finanças e questões legais. Para isso, são necessárias ações de conscientização sobre a doença.

Iniciativas

No Brasil, há algumas iniciativas alinhadas ao cuidado de pessoas com Alzheimer. A ABRAZ, por exemplo, conta com 13 mil associados em todo o país que, por meio do trabalho voluntário, oferece informação e orientação para que as pessoas possam lidar de modo mais adequado com a doença.

Além disso, a associação, em parceria com a Cora, realiza encontro mensal para debater o Alzheimer onde são apresentados temas sobre a doença, atualidades e a importância de atividades paliativas. O evento acontece com as portas abertas para todos os interessados no assunto, sempre na terceira quarta-feira do mês, às 19h, na unidade Ipiranga do Residencial, na rua Rua Antônio Marcondes, nº 427, São Paulo.

Uma entidade que também se destaca no combate à doença é a Federação Brasileira de Associações do Alzheimer (FEBRAZ), que atua em todo o território nacional na difusão de informações, no combate aos estigmas, na investigação científica e no apoio aos cuidadores.

Segundo Quadrante, “com o aumento da expectativa de vida, teremos uma porcentagem cada vez maior de idosos na população. É importante estarmos preparados para lidar com suas particularidades e necessidades. A conscientização dos mais jovens quanto às síndromes demenciais faz com que eles possam reconhecer de forma mais clara indivíduos nessa condição, auxiliando no acolhimento, diagnóstico precoce, tratamento e cuidados das pessoas afetadas”.


Dra. Ana Catarina Quadrante, geriatra da Cora Residencial Senior pertence ao grupo BSL (Brasil Senior Living), que administra os serviços da AssistCare e o hospital de cuidados paliativos Sainte-Marie.  A Cora conta com seis unidades em localizações privilegiadas da cidade de São Paulo (Jardins, Villa Lobos, Ipiranga, Tatuapé, Campo Belo e Higienópolis).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *