Os perigos dos remédios para emagrecer. Qual a melhor indicação?

O sonho de ter um corpo perfeito e a busca por tratamentos milagrosos está levando ao uso indiscriminado de medicações para emagrecer. Nesse contexto, a dieta e a atividade física, que seriam as protagonistas dessa história, vão sempre sendo deixadas para depois. O que as pessoas não sabem é que esses medicamentos podem ocasionar efeitos colaterais e, se não forem associados a uma mudança de estilo de vida e atividade física, podem levar a resultados limitados e temporários.

São várias as opções de medicamentos no mercado, com diferentes tipos de ação, assim, a escolha do tratamento a ser prescrito deve ser moldada para as necessidades e características de cada paciente. Lembrando sempre que os riscos associados ao uso das medicações devem ser considerados em relação aos riscos da persistência da obesidade, de maneira que o tratamento deve ser mantido somente enquanto for considerado seguro e efetivo para o paciente.

O tratamento farmacológico da obesidade está indicado para pacientes com IMC maior que 30Kg/m²; para indivíduos com IMC maior que 25kg/m² que apresentem doenças associadas ao excesso de peso, como dislipidemia e hipertensão, por exemplo; e em situações nas quais o tratamento com dieta, exercício ou aumento de atividade física e modificações comportamentais se comprovaram insuficientes. Os agentes farmacológicos também podem ser utilizados como armas para aumentar a aderência dos pacientes às mudanças comportamentais, alterações de dieta e de estilo de vida. Além disso, se bem indicados, podem ajudar na melhora de outros problemas de saúde associados, como diabetes e dislipidemia, por exemplo.

Vale ressaltar, entretanto, que essas medicações podem levar ao ganho de peso quando descontinuadas se o paciente não mudar seus hábitos e alimentação. Além disso, o uso abusivo e inadequado de determinados medicamentos pode causar efeitos colaterais como enjoos, vômitos, diarreia, gastrite, má digestão, boca seca, flatulência, fraqueza, cansaço, mudança no paladar, tontura, problemas cardíacos, arritmia, hipertensão, irritação, ansiedade, insônia e até mesmo crises de agressividade.

Alguns exemplos de medicações utilizadas para o tratamento da obesidade:

– Inibidor seletivo da recaptação de serotonina e adrenalina (ex: Sibutramina) – apresenta efeito antidepressivo, reduz a ansiedade e tem leve efeito termogênico.

– Inibidor específico da lípase pancreática (ex: Orlistate) – atua inibindo a enzima responsável pela degradação da gordura no intestino, impedindo assim a absorção de 30 % da gordura ingerida.

– Análogo GLP-1 – Liraglutida (ex: Saxenda) – melhora a função das células beta pancreáticas, inibe o apetite e retarda o esvaziamento gástrico.

– Topiramato – droga anticonvulsivante que apresenta como efeito colateral a diminuição do apetite e da compulsão.

Dessa forma, o ideal é que as medicações antiobesidade sejam utilizadas somente sob supervisão médica. O cerne do tratamento da obesidade deve incluir terapias comportamentais dirigidas no sentido de modificação do estilo de vida e reeducação alimentar para redução do consumo de calorias, além da prática de exercícios para aumentar o gasto calórico. Os tratamentos com agentes farmacológicos devem ser considerados como adjunto à terapêutica básica e, desde que usados de forma racional e supervisionados, podem auxiliar no tratamento da perda de peso.


Dra. Rosália Padovani é doutora em endocrinologia clínica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), médica assistente da disciplina de endocrinologia e metabologia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCM-SP), professora da cadeira de endocrinologia e metabologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, médica assistente do serviço de medicina nuclear da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). www.rosaliapadovani.com.br

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