Juliana Dutra, escritora, jornalista, atriz e estudante de psicanálise, aborda, no livro de ficção Amiga Conselheira, a relação entre duas amigas de infância que aparentemente compartilham todas as experiências juntas. Mas, quando Giulia tenta suicídio, Maria Vitória vai ao hospital visitá-la e busca entender os pensamentos da menina, que sempre estava disposta a ajudar, mas nunca havia falado sobre os próprios sentimentos.
A partir disso, o enredo se desenvolve entre passado e presente, com um olhar reflexivo para investigar as dinâmicas das relações das protagonistas. A escritora utiliza esta perspectiva analítica para tratar sobre as histórias pessoais das personagens, bem como os traumas, as experiências de vida e os problemas delas.
Com um ritmo lento, tato para dialogar sobre temas delicados e leveza na narrativa, o livro destrincha situações dolorosas às quais Giulia foi submetida. Bullying, abuso sexual, difícil convivência com uma família disfuncional composta por um pai alcoólatra e uma mãe conservadora, além da aceitação da própria sexualidade, são algumas das questões abordadas.
Giu nunca me contou sobre nenhum desses comentários, mas eles eram apenas uma fração da violência que ela sofria desde que colocou os pés em um ambiente escolar. Eu era boba, e achava que ela era muito forte por aguentar todos de cabeça erguida, só que, talvez, ela fosse mais machucada por eles do que eu imaginava. (Amiga Conselheira, pg. 68)
Juliana Dutra transita por todas as suas expertises profissionais para conversar com o público jovem-adulto de forma fluída e dinâmica. Os personagens foram inspirados na dramaticidade teatral, as reflexões são embasadas na psicanálise, e o texto conciso é reflexo da escrita jornalística. “Escrevi o livro que eu gostaria de ter lido aos 17 anos, para acolher pessoas que se sentem sozinhas no mundo”, afirma a escritora.
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