Seja aos 18 ou aos 40 anos, quem nunca se questionou sobre sua vida: será que estou feliz no trabalho? Será que estou com a pessoa certa? Será que quero ter filhos? Será que mudo de país?

“A inquietude sobre a vida é normal, já que somos seres em constantes transformações, influenciados também pelas mudanças aceleradas do mundo exterior. O problema é quando não se consegue lidar com os questionamentos, gerando uma crise existencial”, afirma a psicóloga Monica Machado.  

O que desencadeia a crise existencial?

A crise existencial se inicia com algum tipo de insatisfação, um questionamento sobre um aspecto específico da vida, gerando uma angústia constante e diária. Segundo a psicóloga, quando a situação chega a um ponto intolerável, a pessoa passa a ter confusão com a própria identidade, desencadeando uma preocupação crônica com seu propósito de vida.

“As crises e adversidades da vida ocorrem de modo quase sempre imprevisível. A forma de lidar com elas dependerá, em boa parte, da resiliência, da capacidade de encarar mudanças e de tomar decisões”, reflete Monica Machado.

Como lidar com o medo de sair do lugar

De modo geral, os questionamentos encontram respostas que tranquilizam, e a pessoa segue sua trajetória relativamente bem consigo mesma. Porém, em algumas situações, o indivíduo fica refém do seu próprio conflito.

Um dos principais motivos é o medo da responsabilidade da mudança, de se comprometer a novas circunstâncias e abalar sua segurança física e emocional.

“O pavor de tomar decisões que possam mudar todo o rumo de uma vida pode paralisar a pessoa, impedindo a realização dos seus objetivos. Porém, não existe escolha fácil, pois há sempre algo que se perde na tomada de uma decisão. Riscos são parte de mudanças, mas é preciso assumi-los para não limitar sua vida e sua identidade”, aponta Monica Machado.

Entretanto, é possível, sim, modificar suas perspectivas e buscar seu propósito de vida. Confira as dicas:

Não se pressione

O fato de um novo comportamento remeter a uma ação definitiva pode gerar uma barreira emocional. A pressão interna é uma delas. A motivação inicial pode se tornar uma armadilha ao provocar um esforço excessivo no começo do processo e uma desistência no meio do caminho.

No entanto, é possível fazer uma reprogramação mental menos penosa, podendo adotar novas mudanças sem sentir pressão por isso. Tente definir seus objetivos em curto, médio e longo prazo, a depender do grau de dificuldade de cada um. Seja realista ao compreender quanto tempo e disponibilidade serão precisos para efetivar suas mudanças. 

Faça um check list da sua vida

Identifique o que tem de errado e o que você quer mudar. Pense em quem você é, quais os seus valores, suas metas. Sinta se você está feliz com a vida que leva ou apenas acomodado. Na medida que percebemos nossas prioridades, começamos a enxergar as possibilidades de construir uma nova forma de viver.

Sem medo de mudanças

Muitas pessoas encaram as mudanças como algo ruim, pois se sentem fora da zona de conforto. Mas, muitas vezes, é preciso abandonar a vida que havíamos planejado, pois já não somos mais as mesmas pessoas. Somos seres em eterna mutação, seja internamente ou pela necessidade de seguir a evolução do mundo.

“Portanto, se você havia feito vários planos, mas depois perdeu a identificação com eles, siga sua intuição e mude a rota. Trace metas que estejam alinhadas com seu ‘eu’ atual, com suas novas perspectivas de vida. Essa evolução te ajudará a fazer escolhas coerentes e a trilhar caminhos mais produtivos, evitando que você perca tempo com aquilo que já não te interessa mais”, pondera Monica Machado.

Aposte na terapia 

Se a pessoa já tem algum bloqueio emocional, transtorno de ansiedade ou dificuldade para sair da zona de conforto e se adaptar ao novo, será preciso ajuda profissional para desenvolver o potencial de enfrentar os desafios que surgem a todo instante.

“Psicoterapias proporcionam a possibilidade de desenvolvimento pessoal, a partir da investigação do modo de ser da pessoa. A medida que o indivíduo amplia e aprofunda o conhecimento sobre si mesmo, passa a dispor de novos instrumentos para lidar melhor com os obstáculos e as dúvidas inevitáveis ao longo da vida”, conclui Monica Machado.

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