A depressão é uma doença que precisa de cuidados especiais e acolhimento, e a família tem um papel muito importante dentro desse cenário. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Psicanálise, cerca de 10% dos adolescentes brasileiros sofrem da doença. Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo todo, 20% dos jovens nessa faixa etária sofrem com a doença.
“O paciente depressivo, carrega com ele uma enorme frustração, tristeza, angústia, um processo intenso de não encontrar a saída para a dor emocional que está vivendo. Um quadro de desânimo e falta de propósito, onde tudo em volta parece não fazer sentido”, explica a terapeuta e orientadora transpessoal Wanessa Moreira.
É muito comum encontrar famílias sofrendo com esse quadro de ter uma pessoa querida em depressão, seja pelo motivo de não saber como ajudar, ou ainda, pela demora muitas vezes de se diagnosticar de fato a depressão e a demora de responder ao tratamento em muitos casos. “A cobrança excessiva, a falta de entendimento dentro da família, a falta de diálogo e de respeito das escolhas de cada um, pode, inclusive, gerar um quadro depressivo em uma pessoa que não está bem, está triste e frustrada e já não sente que tem espaço dentro dessa família”.
Cada indivíduo percebe a sua realidade de uma maneira muito particular, por isso é necessário respeitar a dor, o sofrimento e o ponto de vista de cada um, pois colocar regras dentro da família sem conversar e compreender como cada um percebe esse direcionamento, pode levar um grande sofrimento para a pessoa, incluindo a depressão.
“Ouvimos desde sempre o quanto é importante ter coragem para vencer na vida, mas não aprendemos como de fato executar essa ação a nosso favor. Aprendemos o quanto viver a vida é difícil, e que precisamos sobreviver durante a vida. Mas não aprendemos a viver, e viver traz liberdade, movimento, dificuldades e alegrias. Viver não é nos estacionar em dores profundas com a sensação de não ter saída para esse lugar, viver não é se afogar em dor. Nós não trazemos na nossa bagagem emocional um repertório com novas ações para se viver uma nova vida”, esclarece a especialista.
A dificuldade de executar as mudanças para viver um novo significado, provoca a insatisfação e o aprisionamento, um cansaço de estar patinando nas mesmas dores e nas mesmas histórias. “Essas histórias tem uma relação direta com a experiência do histórico familiar de cada pessoa. Já está comprovado cientificamente que o DNA carrega as nossas informações das histórias que vivemos, e essas informações são passadas geneticamente para as gerações seguintes. Dessa maneira, recebemos dos nossos familiares as informações das histórias que eles viveram, independentemente de termos conhecido ou não os nossos antepassados, de sabermos ou não dessas histórias, e esse é o repertório que trazemos na bagagem da nossa vida”.
Ainda, “por termos esse histórico conhecido, acabamos “presos” nessas histórias como uma zona de conforto conhecida, mesmo que inconscientemente e acabamos sendo levados ao movimento de repetir parte dessas histórias por se tratarem de rotas conhecidas de padrões e comportamentos”. Por isso, a terapeuta pessoal argumenta que é necessário ampliar o repertório, conhecer novas histórias, realizar pequenas mudanças para ampliar o leque de ações e materializar mudanças que trazem um novo significado para a vida.
Sendo assim, uma ação em conjunto da família, de acolhimento, amor, de procurar conhecimento e auxiliar a caminhada da pessoa ou adolescente que está depressivo dentro desse cenário familiar, é fundamental para transformar esse quadro e essa história. “Apoiar a pessoa depressiva, auxiliar a encontrar caminhos e um novo propósito trará uma porta de saída para esse quadro de depressão. É importante dentro da família que todos se sintam parte e pertencentes da história, sem exclusões ou comparações, preservando a individualidade e a busca de cada membro da família com amor e entendimento”.
Wanessa Moreira é terapeuta e orientadora transpessoal, também é master mentoring em coaching corpo e mente.
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