Marta estava caminhando pela rua movimentada quando, de repente, começou a sentir palpitações e falta de ar. Sentiu-se tonta e com náuseas. Seu coração batia cada vez mais rápido e ela achou, aterrorizada, que fosse morrer.

Gabriela chamou o táxi, apreensiva. Não dirigia mais depois do acidente que marcou seu rosto com cicatrizes ainda perceptíveis. Mesmo dentro do táxi, ficava apavorada cada vez que passava por um cruzamento. Rezava o trajeto inteiro e só ficava tranquila depois que descia do veículo.

Gustavo foi chamado à sala do chefe e recebeu a notícia de que teria que apresentar uma palestra em outro país. Começou a suar e seu coração se acelerou em pensar que precisaria tomar um avião para chegar ao seu destino. Declinou da oportunidade e perdeu a tão sonhada promoção que lhe era devida.

Estes casos são apenas alguns exemplos de um distúrbio que está se tornando rapidamente o mal do século: a ansiedade.

Quem já não sentiu a boca seca, o coração batendo mais rápido, a respiração ofegante? Quem já não se sentiu tão nervoso a ponto de desejar fugir ou se esquivar de alguma situação?

A ansiedade, de um modo geral, é um sentimento que se insere no nosso dia a dia em forma de preocupações, medos e expectativas. Se você se sente ou alguma vez se sentiu assim, não há motivos para se alarmar. A ansiedade faz parte de nosso cotidiano e, dependendo da situação, é normal e até mesmo apropriada. Todos já experimentamos um sentimento vago de medo ou preocupação na hora de procurar um emprego, realizar um exame, enfrentar o público pela primeira vez. É perfeitamente natural e saudável. No entanto, quando essa ansiedade se torna uma resposta habitual a situações corriqueiras e passa a interferir na vida cotidiana, inclusive com alterações físicas, ela passa a ser considerada um transtorno.

A ansiedade tônica é um estado emocional acompanhado da sensação desagradável e subjetiva de medo dirigido ao futuro, onde não há ameaça reconhecível ou a ameaça é desproporcional à emoção que a evoca. Quando persistente, acompanhada de sofrimento e com prejuízos na vida do indivíduo, é caracterizada como um estado patológico. Quem experimenta essa ansiedade está sempre irritado, em estado de alerta, apresentando palpitações, dores e tonturas. De repente, o indivíduo não consegue mais funcionar normalmente, sentindo-se preso a expectativas e desconforto. A vida se torna insuportável e o sofrimento, real ou imaginário, torna-se um peso físico e emocional, marcado por sentimentos de apreensão, desassossego ou tensão.

Distúrbio de ansiedade é o termo genérico para designar um grupo de condições psicológicas relacionadas a preocupações e medos excessivos. São eles: Distúrbio de Ansiedade Generalizada (TAG), Síndrome do Pânico, Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) e Fobias.

O TAG é caracterizado por um estado de apreensão ou preocupação constante em relação a qualquer coisa. Indivíduos que sofrem deste transtorno são permanentemente ansiosos, apresentando inquietação, fatigabilidade, dificuldade de concentração ou sensação de branco, irritabilidade, incapacidade de se desligar de pensamentos ansiosos, tensão muscular e perturbação do sono. Esta ansiedade pode progredir para a depressão.

A Síndrome do Pânico, vivenciada por Marta, é caracterizada por ataques recorrentes de terror, palpitações, falta de ar, sudorese, tremor, dores no peito, palidez, tontura e náuseas. Quem sofre deste transtorno tem a sensação de que vai morrer. Os ataques são imprevisíveis, de forma que o indivíduo passa a temer o próximo episódio e não quer mais sair de casa. Assim, não é anormal que quem sofra de Síndrome do Pânico passe, também, a sofrer de agorafobia.

O TEPT, vivenciado por Gabriela, ocorre após um episódio traumático avassalador, como uma catástrofe, um assalto ou um acidente grave. O indivíduo passa a reviver o acontecimento passado como se estivesse vivenciando-o novamente, sentindo o mesmo terror e impotência que sentiu no momento em que ele ocorreu.

As fobias são caracterizadas pelo medo excessivo, persistente e incontrolável direcionado a um objeto ou situação. Algumas das fobias mais conhecidas são agorafobia (medo de lugares públicos, abertos), acrofobia (medo das alturas), acusticofobia (medo do barulho), claustrofobia (medo de lugares fechados), aerofobia (medo de andar de avião, vivenciado por Gustavo) e vários outros. Apesar da gravidade da situação, a boa notícia é que há tratamentos tanto medicamentosos quanto terapêuticos que conseguem diminuir e aliviar a ansiedade de forma que o indivíduo possa voltar a ter uma vida saudável e funcional. O importante é procurar ajuda. Sempre.


Lucia Moyses é psicóloga, neuropsicóloga e escritora. Natural de São Paulo, teve sua primeira formação em análise de sistemas pela FATEC, complementando os seus estudos com curso de pós-graduação na UNICAMP. Atuou nessa área por mais de 20 anos e foi convidada para ser coautora em uma obra da IBM, em sua sede nos EUA. Administrou cursos e palestras, inclusive para pessoas com necessidades especiais. Atualmente, a psicóloga lança mais três livros: “A Mulher do Vestido Azul”, “Não Me Toque” e “Um Copo de Veneno”, totalizando seis livros da coleção. www.luciamoyses.com.br

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