No ensino integral, a quantidade de alunos matriculados cresceu 13,9% em 2017. O papel da escola, sem dúvida, é atuar na área da aprendizagem.

E essa atuação não se limita à alfabetização ou ao ensino de disciplinas nas mais diversas áreas do conhecimento. A escola tem a responsabilidade de formar cidadãos para a vida e essa formação passa por diferentes etapas, muitas vezes é acompanhada desde a primeira infância, no período de desfralde.

O Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) mostra que, em 2017, o número de alunos no ensino básico cresceu, passou de 8,2 milhões para 8,5 milhões. O fenômeno é relacionado a uma emenda constitucional aprovada em 2009, tornando obrigatória a matrícula de crianças de 4 e 5 anos na educação infantil, e ao aumento da oferta de escolas, que na categoria “creche” cresceu 19,4%.

No Ensino Fundamental, a porcentagem de alunos matriculados na modalidade integral subiu 13,9%, em 2017, em relação a 2016, quando foi registrado um percentual de 9,1%. E segundo o MEC, essa quantidade deve chegar a 13% em 2018. O levantamento ainda não foi divulgado. Esses números só mostram a importância da Educação Infantil para o desenvolvimento de uma criança, confirmando o que diversas pesquisas já comprovaram.

Nesse processo, segundo a coordenadora pedagógica Juliana Christina Rezende de Souza, o papel da escola se acentua cada vez mais, pois é nos espaços coletivos que as crianças pequenas se identificam umas com as outras e constroem conhecimentos. “A aprendizagem por meio da interação com os pares é importante para a formação e desenvolvimento das crianças. E quando a questão é ensinar a fazer as necessidades fisiológicas sem precisar de fraldas, esse aprendizado coletivo contribui para a criança se sentir mais confiante e abandonar o acessório com mais segurança”.

Durante o desfralde, ter um olhar atento para as particularidades de cada criança é um trabalho desafiador para o educador, no entanto, quando há uma parceria consolidada com a família, a tarefa fica mais fácil e o desenvolvimento integral da criança, certamente, estará garantido. Por isso, é importante que os pais comuniquem à escola a necessidade de realizar o desfralde para analisar em conjunto a melhor forma de lidar com a criança durante o processo.

Segundo o pediatra americano T. Berry Brazelton, estudioso sobre o desenvolvimento infantil, é importante que a escola considere alguns pontos no período do desfralde: aceitar cada criança como ela é; ter um banheiro adaptado às necessidades das crianças; contar com um adulto que não sofre a pressão de precisar desfraldar a criança acompanhando-a no banheiro; garantir à criança que não desfraldou ou que teve retrocessos a tranquilidade de estar no grupo sem ser ridicularizada pelos adultos ou demais crianças; evitar em sala de aula comparações sobre os processos de desfralde e favorecer à criança situações e atividades em que ela possa estar no controle.

Todas essas ações são fundamentais para garantir o protagonismo da criança diante de um processo tão importante como o desfralde. Ela precisa ter condições de conhecer seu próprio corpo e a escola deve ser parceira nesse período de descobertas.


Juliana Christina Rezende de Souza é coordenadora pedagógica do Colégio Marista Champagnat, de Ribeirão Preto (SP), que integra a Rede Marista de Colégios (RMC), presente no Distrito Federal, Goiás, Paraná, Santa Catarina e São Paulo com 18 unidades. Nelas, os mais de 25 mil alunos recebem formação integral, composta pela tradição dos valores Maristas e pela excelência acadêmica alinhada ao mercado. www.colegiosmaristas.com.br

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