Grandes mudanças acontecem a partir de pequenos detalhes, principalmente aqueles a que não damos tanta importância. Você já parou para refletir sobre a importância dos detalhes como um diferencial relevante em qualquer situação ou contexto?

Geralmente, a maioria das pessoas julgam os pormenores como sendo de pouca valia, mas eles são decisivos na avaliação final de qualquer circunstância, seja no aspecto pessoal, nas relações familiares e laborativas. A questão do detalhe é primordial e traz resultados significativos, se aplicados de forma inteligente.

Acho muito interessante a frase do indiano Mahatma Ghandi: ” Seja a mudança que você quer ver no mundo”, pois Ghandi teve a capacidade de resumir em poucas palavras, acerca da nossa responsabilidade precípua diante dos acontecimentos e desdobramentos de nossas ações no mundo em que vivemos. Estão implícitos neste contexto: não vitimização, inconformismo e boa vontade em construir um mundo melhor com atitudes transformadoras.

A mudança é uma dinâmica que começa em nós e a partir de nós. Uma atitude, por menor que seja, cria força e a partir daí, dá-se início a um processo de novas interações e consequências que muitas vezes não podemos prever. Lei de ação e reação? Efeito borboleta? Fractal? Você pode defini-la como quiser. O que nos interessa é que a construção do mundo que desejamos se encontra em nosso poder, em nossas mãos, a partir de pequenas contribuições, de pequenas “gotas” de ações generosas e transformadoras.

Como disse Madre Teresa de Calcutá: ” Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.

A estorinha a seguir nos leva a refletir como uma pequena atitude pode se desdobrar em mudanças inesperadas. Através de um simples gesto de amor, de preocupação, todo um contexto foi transformado. O mesmo vale para atitudes de ódio, indiferença e preconceito. Estas atitudes também trarão consequências. Sabemos exatamente como vai se desdobrar uma atitude desumana para com o outro? Onde isso vai parar exatamente? Nós não estamos “de fora” de tudo isso, e por este motivo não podemos estar indiferentes as atitudes desumanas que ocorrem à nossa volta, seja com as pessoas, os animais e o planeta. Somos intrinsecamente responsáveis e coniventes com tudo o que nos acontece.

O que você vai escolher para iniciar uma cadeia de acontecimentos? Uma flor? Um sorriso? Uma ação generosa? Isto depende do mundo em que você quer viver. Precisamos de um mundo regenerado e o momento é agora. Para este fim, devemos enfraquecer o próprio “ego” e abraçar a proposta de que somos todos interligados e que a postura mais inteligente é a consciência e percepção de nossa responsabilidade coletiva na construção de um mundo mais digno e humano.

Para ilustrar a questão das ações e seus desdobramentos, é muito interessante a estória do vestido azul.

O vestido azul (autor desconhecido)

Conta uma estória, que em um vilarejo vivia uma menina pobre que sempre frequentava a escola muito suja. Seu professor, comovido com a situação da menina, e apesar dos esforços financeiros, comprou-lhe um vestido.

A partir de então, sua mãe passou a cuidar melhor do asseio da criança, visto que não seria coerente que a menina vestisse o vestido novo tão suja. Por outro lado, seu pai, vendo que a filha estava bem cuidada, decidiu que a menina merecia uma casa bonita e teve a atitude de realizar alguns reparos, tornando-a mais agradável de viver.

A esposa, ao ver que a casa estava mais bonita, teve a ideia de fazer um lindo jardim, pois uma casa reestruturada precisava de flores para dar vida ao lar. Os vizinhos, assim que notaram as mudanças, também começaram a pintar suas casas e a criarem seus jardins. E dessa forma a vila inteira foi toda transformada.

Uma análise da estorinha: O vestido foi um mero detalhe ou o gatilho para mudanças significativas?

O mundo é o reflexo do somatório de atitudes de cada um de nós. Um mundo melhor beneficia a mim e a você também, pois estamos todos interligados. No entanto, não estamos agindo de maneira coerente, pois se assim o fosse, o mundo não estaria vivenciando uma crise de valores imensa. “O cada um por si e Deus por todos” que o diga. O individualismo e o egoísmo preponderam, e os efeitos são nefastos, mas continuamos com as mesmas atitudes, não nos convencemos que estamos vivendo sem qualquer qualidade de vida e principalmente sem amor. Não pode existir qualidade de vida levando-se em conta somente os próprios interesses em detrimento do outro e do planeta em que vivemos. Pequenas atitudes diárias podem ajudar a reverter o quadro. Esta atitude é um pequeno detalhe.

PARA REFLETIR:

Muitas vezes é no detalhe que se encontra a alma de um projeto, de uma proposta. Portanto, precisamos aprender a valorizar os pequenos detalhes, pois são eles que fazem todo o diferencial. Normalmente queremos grandes coisas, grandes resultados e acreditamos que somente as grandes atitudes são as únicas que importam e que geram resultados. Não é bem assim.

Nunca se esqueça: Grandes resultados são o produto de pequenas atitudes e ações somadas em um contínuo processo de construção. Muitas vezes, a solução daquele problema que parece tão difícil de resolver se encontra em um pequeno detalhe que passou despercebido porque não foi julgado como interessante. Pense nisto!

Soraya Rodrigues de Aragão http://www.sorayapsicologa.com
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Escritora e palestrante. Conselheira terapêutica em violência entre parceiros íntimos capacitada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Estudante de Sexologia. Pesquisadora em Transtornos de Ansiedade e especialista em Transtornos de Pânico. Equivalência do curso de Psicologia na Itália, resultando em Mestrado. Especializou-se em Psicotraumatologia pela A.R.P. de Milão e em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde em Madri. Sócia da Sociedade Italiana de Neuropsicofarmacologia. Autora dos livros Fechamento de ciclo e renascimento - Este é o momento de renovar sua vida; Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2016, Supere Desilusões amorosas, Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2019 e Liberte-se do Pânico e viva se medo! 2019.
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