Ter saúde sempre foi visto como um evento de grande vantagem na vida.

Mas quando se depara com o surgimento ou o avanço de uma doença, sendo esta não passageira, mas, pelo contrário, com limitações em tratamentos, condutas e difícil reversão em um diagnóstico ou quadro clínico, o futuro é incerto. A falta de respostas, a falta de tempo, as expectativas causam um imenso vazio, um desconforto e uma angústia sobre o que será dali em diante.

Porém, muitas vezes, não pensamos como tudo pode mudar de repente sem nem estar associado a uma doença terminal. Muitos acontecimentos da vida ou acidentes que não envolvem unicamente a dualidade saúde X doença que nos impedirá de viver.

Mas, afinal, o futuro de quem é certo? É previsto?

Uma grande aliada no enfrentamento de situações incapacitantes, que trazem a impotência, o medo e a tristeza é a simples Esperança. Não precisa vivenciá-la de forma intensa e exclusiva, porém uma parcela dela ajuda no lidar com acontecimentos que não temos o poder de controlar, escolher e determinar.

A esperança é uma forte fonte para estimular a responsabilidade que precisamos acreditar e aplicar buscando por resultados mais positivos e lutar no que depende de cada um como um agente de mudança e tentativa de conforto.

A esperança é um consolo espiritual que nos dá apoio para o fortalecimento da vida, mesmo que às vezes possa estar predestinada a um limite prévio, mas se permitir viver a cada momento de existência.

Atualmente em acompanhamento de pacientes com quadros não reversíveis, se fala em cuidados para conforto. É delicado o termo conforto, quando na verdade está se falando de morte. Quem fica confortável em saber que uma perda está próxima?

Mas na prática é um termo adequado ao usá-lo para lidar com o sentimento da impotência e da sensação de que mais nada pode ser feito. O quadro não pode ser reversível, porém sintomas como dor, falta de ar e outros desconfortos físicos podem ser gerenciados ainda.

O desafio maior, sendo bem complexo, está no conforto emocional do paciente e da família, onde é necessário um tempo maior de elaboração, para compreensão e reflexão. Deve-se respeitar o momento ideal desde que uma má notícia é dada, até as reações espontâneas, naturais e esperadas se transformando e se vivenciando as fases do luto.

Um conforto emocional é difícil, mas não impossível, quando acompanhado pela esperança apropriada e o viver um dia de cada vez.

Marcela Eiras Rubio
Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, Aprimoramento Profissional em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia pelo IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo SENAC. Atuações como psicóloga hospitalar no Programa Melhor em Casa do Hospital Municipal Dr. Moyses Deustch – Mboi Mirim, HGIS (Hospital Geral de Itapecerica da Serra) e HRC (Hospital Regional de Cotia). Atualmente atua como consultora em Recursos Humanos na RHF Talentos – Unidade São Paulo.
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