Atualmente, o incentivo à denúncia e a procura de direitos estão emergentes no apoio e acompanhamento das pessoas que sofreram alguma violência. No processo terapêutico desse acompanhamento, muitas reações vem à tona, manifestando reais e espontâneos sentimentos para com o autor da agressão. Quando ele será preso?

Ao escutar relatos, percebe-se como um grande empecilho para a obtenção de sua melhora, a condição e a associação se quem realizou a agressão estar preso ou não, onde a liberdade dele ameaça e impacta diretamente na sua liberdade.

Ao atender crianças, estas sempre perguntam:

Quando ele será preso?

Existe uma grande expectativa jurídica, seguida de muitas decepções nos processos. A sensação da Justiça soltá-lo após cumprimento da sentença, gera angústia frente à justiça pessoal de não ter sido feita. Além da exigência de “provas concretas”.

Existem muitos desejos da vítima com o que poderia acontecer com seu agressor, mas predomina, no momento de consciência e reflexão, que muitas não lhe desejam mal, mas  a intenção de garantia de segurança e distância de quem lhe fez mal.

A insegurança, a privação de liberdade e o medo da possibilidade de encontro geram sofrimento e desesperança na autoestima e autoconfiança. No tratamento psicoterapêutico é possível oferecer técnicas semelhantes a quem vivenciou um fato que caracterizou estresse pós-traumático.

Você aborda alternativas, a construção da possibilidade de escolhas e não se silenciar e se submeter a desejos de outro. O objetivo não é uma superação total, já que alguns acontecimentos fazem parte de nossas vidas e não temos o controle de “excluí-los” de nossa memória, mas uma tentativa de conviver com o fato e buscar melhor enfrentamento em futuras dificuldades a serem vividas.

Como tema forte de discussões, questões trazidas pela mídia e a identificação com as notícias sobre violência, é necessário, durante o caminho de resgate do prejuízo emocional, algumas desconstruções de ideias que impedem a recuperação. Além de mudanças no raciocínio, atividades são importantes no auxílio de estímulo, motivação e paz.

Marcela Eiras Rubio
Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, Aprimoramento Profissional em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia pelo IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo SENAC. Atuações como psicóloga hospitalar no Programa Melhor em Casa do Hospital Municipal Dr. Moyses Deustch – Mboi Mirim, HGIS (Hospital Geral de Itapecerica da Serra) e HRC (Hospital Regional de Cotia). Atualmente atua como consultora em Recursos Humanos na RHF Talentos – Unidade São Paulo.
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