Escrever sobre cinema é sempre bom. Mais ainda quando você gosta muito daquilo que escolheu para comentar como o filme Cinema Paradiso (Itália, 1988, direção de Giuseppe Tornatore). Tem tanta coisa boa nesse filme que fica até difícil destacar uma passagem só, uma cena única.

Cartaz do filme Cinema Paradiso

Mas, olhemos para a atuação de Philippe Noiret (o projecionista Alfredo; veja-o também em “O Carteiro e o Poeta”, interpretando Pablo Neruda); ouça com atenção a trilha sonora: uma das peças mais marcantes e bonitas que já ouvi, do maestro Ennio Morricone (também autor dos temas de Era uma vez na América, Os Intocáveis, Bastardos Inglórios, só para citar alguns); o ator Salvatore Cascio na pele do pequeno Salvatore “Totó”, quando criança; o “Oscar” de melhor filme estrangeiro em 1989; o roteiro e a direção magistral de Giuseppe Tornatore que escreveu a obra inspirado em fatos que aconteceram em sua infância quando o projecionista Mimmo Pintacuda (real), o ensinou a operar um projetor de cinema.

Mimmo Pintacuda faleceu em dezembro de 2013, com 86 anos, e o então famoso diretor, Giuseppe Tornatore, era esperado em sua cidade natal para acompanhar o velório do amigo. Não sei se ele foi para o último adeus a Mimmo. Mas, no filme, ele retorna depois de trinta anos e também famoso para acompanhar o velório de Alfredo. E reencontra o Cinema Paradiso destruído, demolido para dar lugar a um estacionamento.

Foto de época do Cine Planalto onde a faixa
indicava a exibição do filme “Marcelino Pão e Vinho”.
Foto cedida por salasdecinemadesp2.blogspot.com

E depois disso… é melhor assistir. E quem sabe, entre tantas mensagens de amor, de respeito e de amizade que permeiam a obra, o grande valor do filme seja mesmo a pura paixão pelo cinema, por esse mundo maravilhoso de sonho e magia. E agora, num momento de melancolia, me vem à lembrança o meu velho cine Planalto, na Vila Barcelona em São Caetano do Sul, que saudade! Só que, diferente do filme, em vez de estacionamento, o lugar transformou-se em um supermercado. Menos mal. Outros viraram coisa muito pior.

Agliberto Cerqueira
Publicitário pelo Instituto Metodista, aprendiz de farmácia na infância, executivo da indústria automobilística, diretor de agência de promoção e consultor na área de comunicação e marketing. Em 2006 publicou o livro de contos "O quá quá quá do cisne preto - Um passeio ao som do rádio". Quando não está em consultoria e nem pagando imposto, lê muito, escreve quando possível e toca violão.
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