Quando falamos de finanças para casais, é importante ter cuidado para evitar brigas, o que é muito comum. Atualmente grande parte dos casais tem desconhecimento do valor do salário do companheiro ou mesmo de como esse gasta tais valores.

Essa informação é bastante preocupante, já que demonstra uma grande possibilidade de problemas relacionados ao dinheiro no futuro. Isso porque, a primeira dica em relação ao tratamento do dinheiro do casal é sempre muito diálogo, mas isso também não ocorre.

Qual a saída?

O mais adequado é construir um orçamento familiar baseados nos sonhos e objetivos da família. Também é muito importante que ocorra o quanto antes a definição de regras financeiras a serem seguidas, como quem paga o quê. Contudo, essas regras devem ser alvos de constantes reavaliações.

Para o casal, algumas questões se mostram fundamentais, como a questão de como se dará a divisão das contas. É possível ter uma conta conjunta para que esses compromissos sejam pagos. Porém, é interessante avaliar a possibilidade de cada um ter a sua conta corrente, definindo os limites, pois cada um pode ter seus próprios gastos.

Investimento

Já, quando o assunto é investimento, esse deve ser feito em conjunto, pois, assim, se poupa mais dinheiro e se obtém melhores resultados. Só tratando de forma diferenciada a questão da aposentadoria, já que esse investimento deve ser separado para cada um, lembrando que, quem não construir sua aposentadoria, um dia, terá que pedir dinheiro para alguém, certo?

O segredo, então, é colocar tudo na mesa, nunca esquecendo que o assunto mais importante a ser conversado não são as despesas, e sim os sonhos e desejos individuais e coletivos. É muito comum os sonhos serem deixados de lado, mas, acredite, esse é um erro capital de muitos casais.

É importante estar atento, colocando sempre, no mínimo, três sonhos – curto (até um ano), médio (de um a dez) e longo prazo (acima de dez anos) –, todos acompanhados de informações básicas, como quanto custa e quanto será guardado mensalmente. Caso contrário, não serão sonhos, e sim verdadeiros pesadelos para os casais, podendo “esfriar o relacionamento”.

É preciso reforçar que, mesmo tendo contas separadas, quando se opta pelo casamento, é preciso não discriminar quem ganha mais ou menos. Trata-se de uma família e, neste caso, a receita deve ser pensada e somada para todos que dela participam. Assim, se deve definir um limite de gasto para cada um e fazer com que ele seja respeitado. Caso isso não ocorra, deverá ser motivo de diálogo.

Veja algumas orientações:

1 – Reuniões frequentes entre o casal para debater as finanças, porém, diferente do que ocorre frequentemente, esse não deve ser um momento apenas de tensão, mas sim de projeção;

2 – Estabeleçam sempre sonhos de curto, médio e longo prazos, lembrando que se deve ter objetivos coletivos e individuais;

3 – Um ponto que geralmente é foco de divergências é o padrão de vida que o casal leva, assim, faça um diagnóstico financeiro e, com os números reais da vida financeira, ajuste o padrão dentro dessa lógica;

4 – Outro motivo de briga é o fato de um dos parceiros ser mais acomodado. É importante entender que cada um possui um estilo, assim, deve-se buscar um meio termo, com regras bem estabelecidas e não ficar batendo sempre na mesma tecla;

5 – O ponto fundamental é que, quando só um dos parceiros trabalha externo, também deve se ter a preocupação com a vida financeira em longo prazo, no caso aposentadoria;

6 – Caso tenham filhos, é preciso incluí-los na conversa sobre dinheiro e, mais do que isso, também devem chegar a um acordo sobre como será a educação deles em relação às finanças;

7 – Se um dos parceiros fez alguma ação errada em relação ao dinheiro, lógico que haverá um nervosismo inicial, por isso, tente deixar o debate para um momento no qual já conseguiu se acalmar um pouco e refletir sobre o ocorrido. Contudo, não finja que nada ocorreu, guardar pode causar “estouros” futuros;

8 – Lembrem-se, é nas dificuldades que vemos com quem realmente podemos contar. Assim, em caso de crise financeira, em vez do distanciamento, o ideal é buscar estar mais perto de quem gostamos.


Reinaldo Domingos é educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), autor dos livros Terapia Financeira, Mesada não é só dinheiro, Eu mereço ter dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país. www.abefin.org.br

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