Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o comportamento sexual compulsivo, como um distúrbio de saúde mental. O problema, que atinge de 3% a 6% da população mundial, e em sua maioria homens, é causado por uma alteração no DNA que aumenta a produção de ocitocina, o famoso hormônio do amor, fazendo com que o indivíduo sinta desejos sexuais de forma excessiva.
De acordo com o urologista Dr. Silvio Pires, o desejo sexual excessivo se configura por uma libido considerada acima do normal. “Essa condição, também chamada de hipersexualidade, faz com que os indivíduos busquem frequentemente situações de cunho erótico e que tenham desejos sexuais incontrolados”, afirma.
Silvio esclarece que a compulsão não inclui somente as relações sexuais com parceiros, mas também o vício em pornografia e em masturbação. “Pode ser um vício em vídeos eróticos, associado a orgasmos excessivos, por mais de 10 vezes por dia, por exemplo. Também é comum obsessão em sexo pago ou em flertar e seduzir constantemente”, aponta.
Assim como o alcoolismo ou uso de drogas, o vício em sexo pode causar impactos na saúde física, mental e na qualidade de vida. “As consequências vão desde comprometimento emocional, isolamento social, queda da produtividade no trabalho, até a problemas financeiros. Além disso, existem os perigos mais graves, como a contaminação por infecções sexualmente transmissíveis – IST’s, visto que os compulsivos costumam ter relações com vários parceiros e, em boa parte das vezes, sem proteção”, alerta.
Identificando o problema
O urologista explica que há uma linha tênue entre ser altamente ativo e ter um distúrbio sexual. “Se o indivíduo está fazendo muito sexo consensual e isso não está afetando seu trabalho ou relacionamento, por exemplo, a atitude não é considerada uma disfunção. A conduta sexual compulsiva se torna um transtorno quando prejudica o funcionamento de uma pessoa e a impede de viver a vida que deseja”, garante.
Para esses casos, o tratamento mais adequado é a psicoterapia, que visa reconhecer os gatilhos que levam ao comportamento impulsivo ou compulsivo. “A terapia é capaz de tratar as razões psicológicas da compulsão por sexo. Em alguns casos, podem ser administrados antidepressivos e neurolépticos para inibir o apetite sexual. Tudo isso deve ser orientado, preferencialmente, por um médico especializado em transtornos de ordem sexual”, pontua.
As restrições também não são indicadas nesses casos, visto que podem deixar os indivíduos ainda mais ansiosos, aumentando significativamente as chances de desenvolver outros vícios. “A proibição da masturbação, abstenção de pornografia e jejum de sexo não bloqueiam e nem tratam o comportamento compulsivo. Ao fazer isso, a tendência é que pessoa sinta a necessidade de canalizar a energia e os desejos em outras coisas, como alimentos, jogos ou compras”, finaliza.
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